terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Renascido do Dilúvio"

O título desta matéria é a transcrição, ipsis literis, do título de uma reportagem da Revista Veja, edição 2.144 de 23 de dezembro de 2009.

A reportagem conta sobre a descoberta, por parte de cientistas espanhóis, de que o mar Mediterrâneo foi formado em cerca de dois anos por uma inundação catastrófica. O Mediterrâneo banha o norte da África e o sul da Europa, e é o mar pelo qual o apóstolo Paulo navegava em suas viagens missionárias.

De acordo com a revista: “o Mediterrâneo atual nasceu de um dos mais espetaculares dilúvios já ocorridos na história do planeta. Há 5,3 milhões de anos [sic], também pelo movimento das placas tectônicas, de acordo com o estudo espanhol, a água do Atlântico se lançou com a força de um tsunami sobre as montanhas que o separavam do Mediterrâneo. As águas correram durante dois anos, com um fluxo equivalente a 1000 vezes o do Rio Amazonas atual, elevando o nível do Mediterrâneo em 10 metros por dia. Trata-se de um ritmo espantoso para acontecimentos naturais [sic] dessa dimensão. A erosão provocada pela correnteza violenta teria criado o Estreito de Gibraltar, estabelecendo a ligação que até hoje perdura entre o Mediterrâneo e o Atlântico. [...] Os cientistas sempre tiveram dificuldade em determinar a dimensão da enchente que devolveu o Mediterrâneo à vida – e quanto tempo ela durou. Achava-se que os registros da passagem da água tinham desaparecido das camadas de solo sob o Estreito de Gibraltar há muito tempo e que, portanto, seria impossível recuperar como o fenômeno se deu. Para levarem a cabo seu estudo, cientistas espanhóis se beneficiaram das prospecções feitas recentemente no estreito com vistas à construção de um túnel ligando a Espanha ao Marrocos, no norte da África. Durante as escavações, descobriu-se que as camadas subterrâneas do estreito abrigam um canal com 500 metros de profundidade e 10 quilômetros de largura. O canal tem formato de U, o que leva a concluir que é remanescente de uma enchente duradoura e de grandes proporções. ‘Até os anos 90, achava-se que a água que fez o Mediterrâneo renascer havia sido conduzida por rios’, diz o geólogo Garcia-Catellanos, que chefiou a pesquisa espanhola. ‘Agora, os cálculos das medidas da erosão mostram que ela só pode ter sido produzida por um fluxo violento de água’, ele completa. [...] Quem vê hoje os recantos paradisíacos do litoral do Mediterrâneo não o imagina como cenário de um cataclismo dessas proporções.”

Impressionantes as declarações destes cientistas! Note as palavras tanto da revista (que é, tradicionalmente avessa, a qualquer visão que não seja a da coalizão extremo-evolucionista doutrinária) quanto de Garcia-Castellanos!

Não entrarei na discussão dos métodos de datação que, preemptivamente utilizam a teoria das antiqüíssimas eras geológicas (viciosa, é verdade) como alicerce para seus cálculos, mas as evidências de um grandioso e cataclísmico dilúvio universal estão se tornando literalmente “uma verdade inconveniente”.

Porque os “cientistas” negam tão veementemente o dilúvio? Muito simples. Há dois anos li “A Origem das Espécies” de Darwin e na simples contemplação deste livro o leitor percebe, claramente, a forte dependência da teoria da evolução em relação às longínquas datas das eras geológicas. Se houve uma destruição recente da terra, e esta destruição pode explicar a coluna geológica como sendo, relativamente, muito jovem, ao invés de conter centenas de milhões de anos, a teoria da evolução rui completamente (embora existam, além deste, inúmeros argumentos contra a referida teoria).

Se a teoria da evolução rui completamente, então, Alguém nos pôs aqui, com fortes chances de ser O Cristo que foi morto e ressurreto (outro tema para exploração à parte). E essa ideologia afetaria a visão que a humanidade tem de si mesma e da sua responsabilidade para com o seu próprio futuro, criticando drasticamente seu modo de vida no presente, o que a maioria de nós não iria gostar nem um pouco.

É verdade que a ciência não pode relegar todas as respostas ao sobrenatural, pois então voltaríamos à Idade Média. Todavia, qualquer cientista com um mínimo de decência e honestidade reconhece a grande falha das teorias científicas em explicar as questões cruciais sobre nosso universo. Segundo a teologia, não é possível ao homem compreender o Infinito. Resta aos cientistas serem menos pastores de São Darwin, com suas tochas acesas contra qualquer um que ouse questionar suas crendices e superstições (leiam-se “teorias”). Resta aos religiosos serem mais cientistas e buscar a fronteira em que a ciência pode penetrar nos desígnios do Infinito, não almejando ultrapassá-la, tampouco se contentando em não alcançá-la.

Corrupção na Ciência do Aquecimento Global. E no Evolucionismo?

Nas páginas amarelas da edição de 23 de dezembro de 2009 da Revista Veja encontrei uma reportagem interessantíssima com o cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg, de 44 anos. Ele é, segundo a revista, um dos mais respeitados entre os pesquisadores céticos em relação aos efeitos catastróficos do aquecimento global.

Este cientista, comentando sobre o escandaloso caso dos e-mails que retém argumentos contra a causa humana para o aquecimento global, diz que “havia uma inclinação evidente para não compartilhar dados com pesquisadores cujos trabalhos não reforçariam a teoria do aquecimento global. Possivelmente os dados foram mascarados [...]”. O cientista, ao contrário do que seria esperado, não acusa os envolvidos ou superlativa estes fatos, mostrando uma posição bastante sóbria. Até aqui nenhuma novidade, mas prossigamos:

“O que eles fizeram é muito sério e perturbador. Esses cientistas formam uma máfia que se apossou da questão do clima. Tive muitos problemas com essa máfia do clima. Quando estava escrevendo meu livro, tentei me corresponder com alguns daqueles pesquisadores que detinham dados pelos quais eu tinha interesse. Recebi de volta algumas mensagens em cujo campo de destinatário eu fui incluído por engano. Foram mensagens reveladoras. Elas diziam: ‘Esse homem é perigoso. Não forneçam nenhum dado a ele. Devemos ter cuidado em não deixar que nossas informações apareçam em pesquisas públicas’”.

Questionado pela revista em relação à atribuição da responsabilidade pelo aquecimento global à ação humana, pelo IPCC, o cientista prossegue: “[...] Se a maior parte dos cientistas diz que algo provavelmente vai acontecer, temos de agir de acordo com essa informação. O que não significa que não se deva garantir financiamento às pessoas que trabalham para descobrir erros nessa proposição. Deveríamos gastar dinheiro com as pesquisas dos céticos justamente para aperfeiçoar a informação que tem dominado os debates”.

A reportagem continua e, infelizmente, Lomborg parece acreditar que os problemas da humanidade se solucionariam completamente com o enriquecimento da população. Mas o que quero chamar a atenção aqui é o seguinte:
A população em geral, incluindo as classes mais educadas e abastadas, tende, via de regra, a dar um crédito aos cientistas mais do que estes mereceriam. Nos filmes, os cientistas deixaram de ser os vilões para se tornarem os salvadores da humanidade. Veja Lex Luthor (das histórias do Super Homem), que continua sendo vilão, mas décadas atrás era um cientista maluco e hoje se tornou mega-empresário ultra-capitalista. Nos últimos grandes sucessos de bilheteria, os cientistas são os mocinhos ou, ao menos, seus colaboradores (veja Independence Day, Twister, O Dia Depois de Amanhã, Hulk, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, etc). Realmente, parece que a mídia e a população em geral confundem a ciência com os ditos dos cientistas. É um grande equívoco!

O que Lomborg mostrou, em adição ao que a imprensa já vem comentando nos últimos dias, é que os cientistas são tão falhos como quaisquer outros mortais (deveria ser óbvio, mas, infelizmente, não é o que a grande mídia tem se esforçado em propagar!). Eles são tão suscetíveis à inveja, ciúme, cobiça, interesses e medos quanto eu e você. E, neste ciclo, podem – assim como as demais classes – sacrificar a verdade e os princípios em prol dos seus interesses. Na realidade, algo que os criacionistas já sabem há muito tempo!

A questão é: Se nos estudos sobre o aquecimento global ocorrem estes problemas, o que garante que o mesmo não ocorra em outras áreas? No evolucionismo, por exemplo? Não poderíamos questionar que não existe espaço para opiniões discordantes da teoria da evolução? Será que todos os dados aos quais os cientistas têm acesso são trazidos ao público? Será que a interpretação destes dados se dá em uma luz imparcial e não-pragmática, estereotipada, do surgimento da vida? Ressalte-se que, além dos dados que apóiam posições contrárias, dos dados que apóiem o paradigma atual, existe um terceiro tipo de dados que é o dos que permitem dupla ou múltiplas interpretações. Estes dados estão sendo analisados sob todos os aspectos possíveis? Estão sendo trazidos ao grande público, custe o que custar? De acordo como entrevistado existe uma máfia em prol de certo viés no aquecimento global. Será que não existem outras máfias de cientistas, ligadas a outras áreas? Para mim, a resposta é muito clara.

Notem que o entrevistado defende que a oposição ao paradigma atual não seja apenas tolerada, mas também incentivada, como forma de desenvolver a ciência! Imagine você o financiamento (conforme sugestão de Lomborg) a pesquisas que busquem alternativas à evolução, em favor do design inteligente, por exemplo... Ceteris paribus, é praticamente impossível conjecturar isto.

O que acontece com as inúmeras evidências das mais diversas áreas da ciência, bem como os artigos científicos, que enfraquecem a teoria da evolução? Por que surgem cada vez mais evidências de um dilúvio cataclísmico de grandes proporções, e as informações não têm grande veiculação? Por que as várias falhas vexativas de interpretação dos diversos "elos perdidos" não foram apresentadas com o mesmo alarde que os artigos que as expuseram, ateriormente, como descobertas?

O questionamento não é a base da ciência? Mais uma vez, pergunto: por quê?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Maravilhoso Cérebro Felino!

Computação cognitiva: IBM simula o cérebro de um gato

Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/11/2009

Computação cognitiva: IBM simula o cérebro de um gato
do site: http://www.inovacaotecnologica.com.br

Nota do Blog

Mais uma maravilha da "evolução": o homem que, com suas máquinas, já ultrapassou a orla externa do sistema solar (mais de 12 bilhões de km), ainda não consegue nem ao menos compreender o funcionamento do cérebro, seja do homem, seja dos bichanos.

A simulação (impressionante!) está auxiliando no teste de hipóteses sobre os mecanismos (sinapses) que conduzem às funções cerebrais, entre elas, o pensar (note a expressão das correntes elétricas - vide White, há 150 anos, motivo pelo qual foi chamada de "louca").

Ou seja, ainda não se tem certeza de como o cérebro funciona... E não se tem certeza de que um dia será possível imitá-lo!

Para simular o cérebro de um simples gatinho, foi usado um monstruoso supercomputador (um dos mais rápidos do mundo). Esta simulação foi meramente estrutural - mostrando os estonteantes trilhões de ligações entre os neurônios. Isto não significa que o computador teve vontade de tomar leite e correr atrás de novelos de lã!!!

Note que a pesquisa simulou "quase em tempo real" o cérebro do felino (ou seja, mesmo se o cérebro funcionasse, ainda assim o gato pensaria, agiria e se comportaria em "câmera lenta").

Cada dia a evolução é mais incrível... no sentido estrito da palavra!!!
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Cientistas da IBM anunciaram a realização de uma simulação computadorizada equivalente ao cérebro de um gato, contendo 1 bilhão de neurônios disparando e 10 trilhões de sinapses individuais - sinapses são os mecanismos de troca de informações entre os neurônios.

Computação cognitiva

O simulador, que representa um progresso significativo na chamada computação cognitiva, foi elaborado pelos pesquisadores da empresa em colaboração com cientistas da Universidade de Stanford e do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, ambos dos Estados Unidos.

Segundo os pesquisadores, seu objetivo é criar um programa de computador capaz de simular e emular as habilidades do cérebro para a sensação, percepção, ação, interação e cognição.

E, em vez de gigantescos supercomputadores que ocupam prédios inteiros, eles esperam fazer isto em um dispositivo do tamanho do próprio cérebro humano e gastando tão pouca energia quanto este - veja mais sobre o projeto Cérebro Azul e sobre o computador cognitivo.

Chip sinaptrônico

Os cientistas vislumbram a fabricação, no futuro, daquilo que eles chamam de chip sinaptrônico, um processador que funcione utilizando os mesmos mecanismos das sinapses cerebrais.

Para isso eles pretendem se basear na nanotecnologia e nos avanços das memórias de mudança de fase e nas junções de tunelamento magnéticas, criando processadores que funcionem em princípios radicalmente diferentes da computação convencional, do tipo von Neumann.

"Conforme os mundos físico e digital continuam a se mesclar e a computação se incorpora no tecido da nossa vida diária, é imperativo que criemos um sistema de computação mais inteligente que possa nos ajudar a compreender a grande quantidade de informações disponíveis, de forma muito parecida com o nosso cérebro, que é capaz de interpretar rapidamente e agir frente a problemas complexos," Josephine Cheng, diretora de pesquisas da IBM.

Matéria Azul

Além da simulação cortical em grande escala, a equipe revelou o desenvolvimento de um novo algoritmo, chamado BlueMatter (matéria azul), que sintetiza os dados neurológicos e que já está sendo utilizado para a próxima etapa da pesquisa, que prevê alcançar resultados semelhantes na simulação do cérebro humano.

Utilizando técnicas de imageamento por ressonância magnética, os cientistas estão medindo e mapeando as conexões entre todas as localizações corticais e subcorticais no cérebro humano. Isso equivale a desenhar uma espécie de esquema elétrico do cérebro, uma vez que quase todas as sinapses são elétricas - um número menor delas é química.

Segundo os cientistas, esse mapeamento deverá permitir o conhecimento da vasta rede de comunicações cerebrais e, eventualmente, à compreensão de como o cérebro representa e processa as informações.

Simulação do cérebro

Para executar a simulação cortical do cérebro quase em tempo real, superando em número os neurônios e as sinapses encontradas no córtex de um gato, a equipe construiu um simulador cortical que incorpora uma série de inovações em computação, memória e comunicação, assim como sofisticados detalhes biológicos obtidos por meio da neurofisiologia e da neuroanatomia.

Os pesquisadores insistem que seu simulador é uma ferramenta, um instrumento científico, de grandeza comparável à de um acelerador linear de partículas ou de um microscópio eletrônico.

Hipóteses sobre o funcionamento do cérebro

De fato, esta é a mais poderosa ferramenta já construída para testar hipóteses sobre a estrutura do cérebro, sobre sua dinâmica e sobre seu funcionamento.

O algoritmo Matéria Azul, quando combinado com o simulador cortical, permite que os cientistas testem várias hipóteses matemáticas sobre a estrutura e o funcionamento do cérebro, assim como permite que eles avaliem como sua estrutura afeta sua função.

Vale ressaltar que o próprio objetivo dos cientistas - descobrir como funcionam os núcleos computacionais do cérebro e como o processamento cerebral utiliza os circuitos biológicos em suas dimensões micro e macro - está baseado na hipótese de que o cérebro funciona de forma semelhante à de um computador. Ou, pelo menos, de que é possível reproduzir o funcionamento do cérebro utilizando estruturas não-biológicas, como um chip. Somente o avanço das pesquisas confirmará se alguma dessas hipóteses é válida.

Embora esperem inserir todo o dispositivo, no futuro, no interior de um único chip, a simulação do cérebro de um gato rodou em um supercomputador Blue Gene, com 147.456 CPUs e 144 terabytes de memória principal, o que revela a distância que ainda separa a pesquisa do seu objetivo final de construção de um chip sinaptrônico.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Sabatista" não tem vez!

Ingressei, recentemente, no processo seletivo para o doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento, na Universidade Federal de SC (UFSC). Esta seria uma ótima oportunidade de conciliar meu trabalho com a academia, uma vez que a temática deste doutoramente é bastante voltada às organizações e, também, em certo sentido, uma interseção entre a minha graduação (Bl. em Informática) e o meu mestrado (Administração).

Este processo seletivo consiste em duas etapas de avaliação. Na primeira, por seis semanas, assistimos aulas on-line na plataforma Moodle do departamento, com a realização de leituras de artigos e provas on-line. Esta etapa foi concluída no último domingo, com o envio de um anteprojeto de pesquisa e um curriculum Lattes.

A segunda etapa consiste em uma avaliação, on-line para os candidatos a mestrado e presencial para os candidatos a doutorado. Esta avaliação será realizada no sábado 07/11/2009, às 14h, em ambos os casos.

Como sou adventista do sétimo dia, contei com a colaboração do meu bom amigo, Dr. Wilson Campos, para um requerimento administrativo solicitando horário especial para a realização das provas e apresentando as considerações sobre a legislação que resguarda os observadores do sétimo dia quanto aos seus direitos constitucionais. O requerimento, pródigo em conhecimento jurídico, somou 12 páginas.

Minha esposa protocolou o requerimento na última sexta-feira na secretaria do departamento de pós-graduação do referido curso. Ontem (quarta-feira) o professor coordenador do curso ligou-me com um tom nada amistoso, afirmando que o documento fora "muito mal recebido" por aquela coordenação, e que a procuradoria da Universidade o estava analisando para prover uma resposta adequada à um pedido "não-legal", nas palavras do professor.

Como fiquei constrangido ao ouvir que o requerimento foi "muito mal recebido" pela coordenação do curso da Universidade, indaguei-o sobre qual seria, então, o procedimento correto. Ele disse-me que, "francamente", eu deveria realizar a prova no mesmo dia e hora "que qualquer outro mortal". Afirmei que isto não ocorreria e que eu não entraria em discussão sobre meus princípios.

Ele disse então que, caso as instituições devessem respeitar os dias de guarda, não se poderia fazer provas no domingo, em virtude dos católicos (como ele, que é ortodoxo), no sábado, em função dos adventistas, e na sexta-feira, em virtude dos muçulmanos, sendo isto um "absurdo". Afirmou-me que ninguém me obrigou a entrar no processo seletivo, "eu havia entrado porque quis". Ele também disse-me que estavam tendo problemas para ver "quem ficaria" comigo até o horário do pôr-do-sol para a realização da prova.

Dez minutos mais tarde, ele tornou a ligar-me afirmando que não havia recebido meu projeto de pesquisa. Que estavam procurando e não o localizaram, mas que eu deveria continuar estudando para a prova, que eles continuariam procurando o projeto. Entendi, então, a saída que aquele departamento encontrou para o "problema".

Minhas suspeitas se confirmaram hoje, com a divulgação dos candidatos cuja inscrição para o processo fora homologada. Você pode adivinhar? Isto mesmo, meu nome não estava na lista. Ao entrar em contato com o mesmo professor, ele afirmou que meu projeto não foi enviado, e que não havia nenhuma reclamação de que projetos não foram entregues. Ou seja, o único projeto não recebido, dos 757 inscritos para as 60 vagas de mestrado e doutorado, foi o meu.

Todavia, enviei o projeto, jutamente com meu curriculum lattes, no domingo à noite, uma hora e meia antes de findar o prazo para tal. Como o sistema da Universidade não emite protocolo de recebimento dos arquivos, não tenho como provar o envio dos mesmos. Também, como não previa que meu pedido "não-legal" seria tão "mal recebido", não raciocinei que deveria protocolar uma cópia física dos documentos na coordenação da pós-graduação da EGC.

Desta forma, lamento que em uma Universidade pública, um curso que se propõe a "gerir o conhecimento", tenha tão pouca consideração pelos direitos das minorias e um tão parco interesse pela formação do indivíduo. Não tinha o desejo veemente de ser aprovado no processo seletivo. Apenas gostaria de ter o direito de concorrer em condição de igualdade com aqueles que professam fé diferente.

Hoje, estou indo dormir me sentindo injustiçado, mas com a consciência tranqüila. Sinceramente, espero que, ao menos, a consciência deste professor e dos demais porventura envolvidos ainda os acuse. Se isto não ocorre, realmente, estamos chegando no limite. Mas estou regozijante, por ter sido achado digno de sofrer afronta pelo nome de Jesus (At. 5:41).

Este é apenas o início. Logo ser-nos-á tirado o direito de "comprar e vender" (Ap. 13:7). Que "os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap. 12:17) estejam alertas e cientes do que está por vir. Somos ovelhas em meio de lobos, devemos ser simples como as pombas, e prudentes como as serpentes (Mt 10:16).

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desmascarando o Código da Vinci

Texto: Samuel F. M. Costa. Colaboração: Liander E. Silva


"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11).
Quando minha esposa me deu de presente de aniversário o livro "O Código Da Vinci" (Editora Sextante) em maio de 2004, eu sabia que estava diante de um best-seller americano de 2003 que continuaria vendendo milhões de exemplares nos próximos anos. Não tinha ignorado as revisões e resenhas desse livro na internet e estava consciente de que se tratava de um daqueles livros que dizem que o cristianismo está todo errado e a adoração à deusa é o caminho.
Dan Brown, autor do romance, não nos revela, no decorrer de suas quase 500 páginas, um novo evangelho, mas apenas antigas colocações gnósticas e nova-erenses sobre a vida de Jesus Cristo e os primórdios da igreja cristã.
Eis suas fontes principais: O Evangelho de Filipe e O Evangelho de Maria (ambos são textos gnósticos descobertos em Nag Hammadi, no Alto Egito, em 1945); o livro Holy Blood and Holy Grail e sua linhagem de sangue, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado inicialmente em 1981; o livro The Templar Revelation: Secret Guardians of the True Identity of Christ, de Lynn Picknett e Clive Prince. Um outro livro do gênero pesquisado por Brown foi: The Woman with The Alabaster Jar: Mary Magdalene and the Holy Grail, de Margaret Starbird. Estudiosos respeitáveis encontraram defeitos insuperáveis em todos esses livros. Todos eles têm um forte teor especulativo e um alto apelo a favor das doutrinas da Nova Era.
O fato é que o livro é um sucesso de vendas em todo o mundo. A Columbia Pictures adquiriu os direitos para transformá-lo em filme e contratou o famoso diretor Ron Howard (o mesmo de Uma Mente Brilhante) para dirigir essa película.
A propósito, o autor Dan Brown está sendo judicialmente processado de plagiar o livro Daughter of God (Filha de Deus), de Lewis Perdue. Segundo Perdue, existem "trinta elementos" de semelhanças significativas entre Daughter of God e "O Código Da Vinci". Bem, se Dan Brown plagiou ou não as idéias de outros autores é problema dele.

Um livro alicerçado nas doutrinas da Nova Era
Antes de passarmos para uma análise mais detalhada do romance, é muito importante o querido leitor entender que o autor está imbuído em passar doutrinas da Nova Era e que acredita piamente no que escreve como se fosse verdade.
Dan Brown é muito vivo ou muito covarde. Ele não responde às acusações dos vários padres, teólogos, historiadores, jornalistas e artistas que literalmente descredenciaram "O Código Da Vinci". Brown dá entrevistas em redes nacionais, faz palestras, mas não participa de debates. Vive sossegado escrevendo outros romances, em sua casa no estado de New Hampshire, enquanto escuta músicas da Nova Era, dos CDs da cantora Enya.
Segundo o romance, "as verdades" sobre Maria Madalena deveriam ter vindo à tona na virada do milênio, entre "o final da era de Peixes e o início da era de Aquário" (p.423).
Veja esse relato sobre a importância da revelação da "verdade" durante a era de Aquário: "Estamos entrando na era de Aquário, cujos ideais rezam que o homem irá conhecer a verdade e ser capaz de pensar por si mesmo" (p.285). O que Dan Brown não diz é que a suposta verdade da Nova Era é a velha mentira proclamada pela serpente no Éden. Aquela farsa de que o homem descobriria que ele próprio é Deus: "sereis iguais a Deus" (Gênesis 3.5).
O repórter Charlie Gibson, em entrevista no programa Good Morning America, da Rede de Televisão ABC, em novembro de 2003, perguntou a Brown: se escrevesse um outro livro só contendo os fatos sobre "O Código Da Vinci", ele seria muito diferente? O autor respondeu: "Não iria ser diferente [...] Fiz muitas pesquisas para esse livro. A teoria descrita no meu livro é muito antiga e hoje sou um crente dessa teoria [...] Essa teoria faz muito mais sentido para mim do que o que me foi ensinado quando era criança".[1]
Em outras palavras, Dan Brown acredita que os personagens do seu romance são fictícios, mas a mensagem contida nele é verdadeira.
Dan Brown: historicamente desautorizado
a) No romance: Pierre Plantard, o Priorado de Sião e os dossiês secretos são autênticos (página preliminar, pp. 221 e 345-346):
Segundo o romance: "O Priorado de Sião – sociedade secreta européia fundada em 1099 – existe de fato. Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Os Dossiês Secretos, que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci" (página preliminar).
Ops! O autor confundiu o "Priorado de Sião" com a "Ordem ou Abadia de Sião". O "Priorado de Sião" é um movimento religioso mais recente, que surgiu após a II Guerra Mundial. Sua existência foi anunciada em 1962 após ter sido formalmente estabelecido em 1956. O "Priorado de Sião" não tem qualquer conexão com a "Ordem ou Abadia de Sião" da Idade Média, como o livro reivindicou ser um "fato" na sua página preliminar. O grupo da Abadia foi dissolvido pelo rei Luís XIII da França em 1619.
OBS: Pierre Plantard confessou à justiça francesa em 1992 ter sido o criador de todas as peças do Priorado de Sião com o intuito de pô-lo no trono da França como um suposto descendente merovíngeo e de Jesus Cristo
E mais, o próprio Pierre Plantard confessou à justiça francesa em 1992 ter sido o criador de todas as peças do Priorado de Sião com o intuito de pô-lo no trono da França como um suposto descendente merovíngeo e de Jesus Cristo. Há na França três locais onde qualquer pessoa pode obter documentação judicial e criminal sobre Pierre Plantard, a saber: a Prefeitura de Polícia de Paris, a Sub-Prefeitura de St. Julien em Geneveis e o Tribunal de Grande Instância de Thonon les Bains.
Então o Priorado de Sião, do qual o autor nos transmite a imagem de ser uma sociedade secreta séria, não passa de uma farsa armada pelo senhor Pierre Plantard.
b) "Os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados na década de 50" (página 251):
Brown errou na década! Os manuscritos do Mar Morto que confirmam a autenticidade de vários textos do Velho Testamento foram descobertos a partir da segunda metade da década de 40, em onze cavernas na região de Qumram.
c) "Mais de 80 evangelhos foram estudados para compor o Novo Testamento" (página 248):
Puxa! O autor é ruim em números! Dos 52 textos gnósticos e filosóficos descobertos em Nag Hammadi, no Alto Egito, apenas cinco eram evangelhos, a saber: Verdade, Tomé, Filipe, Egípcios e Maria.
E mais: os evangelhos de Tomé, Filipe e Maria não foram escritos pelos respectivos personagens bíblicos. Foram escritos mais de um século após a morte de Cristo e só Deus sabe quem eram esses autores que se passaram por Tomé, Felipe e Maria. O próprio apóstolo Paulo nos alertou sobre autores fraudulentos:"epístolas (cartas) supostamente vindas de nós" (2 Tessalonicenses 2.1-2).
d) "Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia", em 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino (p.248-252):
Com essa afirmação, Brown revela o seu profundo desconhecimento histórico. Na verdade o Concílio de Nicéia apenas reafirmou a divindade de Jesus Cristo, que já era aceita em textos e testemunhos pessoais desde o século I. Vejamos:
O testemunho do próprio Jesus Cristo: "Eu e o Pai somos um" (João 10.30).
O testemunho dos evangelhos e epístolas: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.1 e 14). Dos israelitas "são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Romanos 9.5). "Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino" (Hebreus 1.8).
O testemunho de vida e morte dos apóstolos: todos os apóstolos de Jesus foram presos e/ou mortos sustentando a verdade de que Jesus Cristo era o Messias e ressuscitou. Caro leitor, ninguém sustenta uma mentira sabendo que aquela mentira vai condená-lo à morte. Os apóstolos morreram pelo que acreditavam ser verdade.
Os descendentes de Cristo geraram a dinastia que hoje é conhecida como merovíngia e fundaram Paris" (página 274):
Nossa! Que besteira! Paris não foi fundada pelos supostos descendentes de Jesus Cristo, ela já existia séculos antes do nascimento de Jesus Cristo! Em meados do século III a.C., a parisii, uma tribo gaulesa, colonizou a ilha Seine Île de la Cite e fundou a colônia de Lutuhezi, que depois também passou a ser chamada de Lutetia Parisorum. Os merovíngeos apenas tornaram Paris a capital da França em 508 d.C.
Durante 300 anos de caça às bruxas, a igreja queimou na fogueira a quantidade impressionante de cinco milhões de mulheres" (página 135):
Que hipérbole! Brown está se baseando em pesquisas desatualizadas e desacreditadas. Na verdade, na melhor estimativa, foram mortos 30 a 50 mil homens e mulheres, acusados de feitiçaria durante quatro séculos (1400 a 1800). Calcula-se que 25% dessas execuções eram de homens. Sem dúvida, um número muito significante, mas nada em comparação com 6 milhões de judeus mortos durante o Holocausto, nem com os 50 milhões eliminados pelo regime de Mao Tse Tung e muito menos com os 60 milhões dos expurgos de Josef Stalin.
Bem, quem acreditar nas colocações históricas de Dan Brown como verdadeiras, corre um sério risco de ficar burro.
Alguns outros erros históricos foram cometidos no livro, mas não irei salientá-los. Acredito que os que foram relatados já são suficientes para afirmar que os fatos históricos não estão do lado de Dan Brown e que esse romancista não passa de um sofrível professor de história.
Dan Brown: artisticamente desautorizado
Leonardo da Vinci (1452-1519) viveu durante a Renascença, mas foi um homem à frente de sua época. Foi pintor, inventor, visionário, matemático, filósofo e engenheiro. Dan Brown acrescenta a essa lista que Leonardo era também "homossexual" (pp.54 e 130). As biografias de Leonardo salientam que, em abril de 1476, ele foi anonimamente acusado de sodomia com o assistente de pintura Saltarelli (conhecido homossexual) e que em 7 de julho do mesmo ano o caso foi arquivado por falta de provas.[6, 7] Portanto, não se pode afirmar que era ou não homossexual. Do que temos certeza mesmo são os erros grosseiros cometidos por Brown quando analisou algumas pinturas de Leonardo tentando nos fazer crer que há um código oculto nelas.
a) A Madona das Rochas (também conhecida como "A Virgem dos Rochedos"):
Quando a personagem Sophie Neveu retira esse quadro dos cabos de sustentação e o põe em sua frente, o autor narra: "Com um metro e cinqüenta, a tela quase escondia o corpo da moça" (p.143). Bem, basta entrar no site oficial do Museu do Louvre para identificarmos logo de cara que o quadro mede 199 x 122 cm e não "um metro e cinqüenta".[8]
Na seqüência, Dan descreve que foram "as freiras" da Confraria da Imaculada Conceição que encomendaram a pintura para Leonardo (p.148). Na verdade, a encomenda foi feita pelos padres da Confraria, já que não existia "freira" nessa instituição.
Em seguida, Brown relata: "A tela mostrava a Virgem Maria de túnica azul, sentada com o braço em torno de um bebê, presumivelmente o Menino Jesus. Diante dela se encontrava sentado Uriel, também com um menininho, presumivelmente o pequeno João Batista. O estranho, porém, era que, em vez da cena que costumeiramente se vê, de Jesus abençoando João Batista, era João que estava abençoando Jesus... E Jesus mostrava-se submisso à sua autoridade!" (p.148). O autor inverteu a identidade de João Batista e de Jesus Cristo. Na verdade, Maria está com o braço em torno do bebê João Batista. Já o bebê Jesus Cristo está à esquerda de Maria, abençoando João Batista.[9]
Logo após, o autor começa a ver o invisível, e diz: "O mais preocupante, porém, era que Maria estava com uma das mãos sobre a cabeça do pequeno João e em um gesto decididamente ameaçador – os dedos pareciam garras de águia agarrando uma cabeça invisível. Por fim, a imagem mais amedrontadora e clara: logo abaixo dos dedos curvos de Maria, Uriel fazia com a mão o gesto de quem corta uma cabeça – como se cortasse o pescoço da cabeça invisível que a mão de Maria, em forma de garra, segurava" (pp. 148-149).
Se você estudar o que os historiadores das artes descrevem sobre esse quadro, vai descobrir que não existe nada do que é narrado por Dan Brown. Essa conversa da "cabeça invisível" de João Batista é mera esquizofrenia artística do autor do romance. O que sabemos de fato é que a mão esquerda de Maria sobre a cabeça de Jesus (e não de João) simboliza proteção. O anjo Uriel seria o "anjo da guarda de João Batista" e aponta em direção a ele.
O autor acertou quando disse que há duas versões de "A Virgem dos Rochedos" (até que enfim acertou uma), mas errou logo em seguida quando tentou explicar o motivo dos dois quadros: "Da Vinci acabou convencendo a confraria a ficar com uma segunda pintura, versão "açucarada" da Madona das Rochas, em que todos se encontravam em posições mais ortodoxas" (p.149). Na verdade, a primeira versão produzida durante os anos de 1483-1486 encontra-se hoje no Museu do Louvre, já a segunda, feita cerca de 20 anos mais tarde (1503-1506) encontra-se na National Gallery, em Londres. Mas, por que duas versões? "Ocorreu uma complicada e amarga discordância em relação ao pagamento: o artista ameaçou vender a obra a um amante de arte que lhe oferecera obviamente muito mais que aquilo que a Irmandade estava preparada para pagar. Esta disputa foi provavelmente a razão de uma segunda versão da Virgem dos Rochedos – a versão que é possível observar presentemente em Londres e que na verdade decorou a capela dos monges em S. Francesco Grande em Milão no século XVI". A versão mais antiga foi provavelmente adquirida com rapidez pelo amante de arte, possivelmente Ludovico Sforza".[10] Posteriormente, Sforza ofereceu o quadro ao Rei da França ou ao Imperador Maximiliano.
b) A Mona Lisa:
Dan Brown não deixou incólume a mais famosa e mais visitada pintura do mundo. Conhecida na França como La Joconde, na Itália, como La Gioconda, e em todos os demais lugares como Mona Lisa, é o quadro número 779 do Louvre.
Quando o professor Robert Langdon, personagem criado por Dan Brown, é questionado se "é verdade que a Mona Lisa é o retrato do próprio Da Vinci, só que travestido?", responde: "É bem possível [...] Mona Lisa não é homem, nem mulher. Traz uma mensagem sutil de androginia. É uma fusão de ambos" (p.130).
Na seqüência, Langdon ensina que as palavras "Mona Lisa" são uma junção do deus egípcio Amon com a deusa egípcia Ísis, "cujo pictograma antigo era L’ISA [...] Amon L’isa" (p.131). E conclui suas considerações com a afirmação: "E esse,meus amigos, é o segredo de Da Vinci, o motivo do sorriso zombeteiro da Mona Lisa" (p.131).
Bem, vamos por etapas, pois é muito devaneio para uma pessoa só.
Primeiro, quem é a modelo na pintura? Algumas hipóteses foram levantadas, mas com certeza, não é Leonardo da Vinci travestido. A alegação mais consistente é de que seja Lisa Gherardim.
"O registro do Battistero di San Giovanni confirma que ela nasceu em Florença, numa terça-feira, em 15 de junho de 1479. [...] Aos 16 anos, Lisa casou-se com um homem dezenove anos mais velho e duas vezes viúvo: Francesco di Bartolomeo di Zanobi Del Giocondo, um dignitário florentino. [...] Na época em que Leonardo começou a pintá-la, ela já tinha tido três filhos, e um deles, uma menina, havia morrido em 1499. [...] E até onde se pode verificar, Lisa não fez nada de excepcional durante sua vida inteira, exceto sentar-se imóvel enquanto Leonardo a desenhava".[11]
Segundo, de onde vem o nome Mona Lisa? Com certeza não é a contração de nomes de divindades egípcias. "A pintura foi intitulada ‘Monna’ Lisa, sendo Monna uma contração da Madonna (mia donna, minha senhora). A grafia "Mona" é incorreta, de origem incerta, mas é a que ficou estabelecida na Inglaterra".[12]
Terceiro, por que o sorriso comedido da Mona Lisa? Não tem nada de "sorriso zombeteiro". Qualquer estudioso ou curioso sobre os quadros de Leonardo vai perceber que aquele sorriso discreto da Mona Lisa não é exclusivo dela. Leonardo pintou outros quadros onde os modelos exibem sorrisos semelhantes, a saber: "São João Batista" (1513-1516); "João Batista com atributos de Baco" (1513-1516); "A Virgem com o menino de Santa Ana" (1510); "Dama com Arminho" (1483-1490). De acordo com Donald Sasson, pesquisador e escritor sobre a Mona Lisa, esse tipo de sorriso discreto fazia parte da etiqueta dos quadros do Renascimento: "Risos – em oposição a sorrisos – são raros nos quadros do Renascimento, e nunca são usados quando a aristocracia e as classes mais altas são representadas. Mona Lisa não ri; ela mostra comedimento e decoro. Um sorriso pode ser considerado como um riso atenuado, como a palavra francesa, sou-rire – "sub-riso" – e a raiz etimológica do latim, subridere,sugerem. No mundo altamente codificado da vida da corte italiana do século XV, sorrisos não são deixados por conta da iniciativa pessoal. Havia numerosos livros à disposição daqueles que desejassem ser introduzidos no código apropriado de comportamento.[13]
Já Giorgio Vasari, biógrafo de artistas e comentarista sobre a Mona Lisa, citou em 1550: "músicos, palhaços e outros artistas ficaram entretendo a modelo, enquanto Leonardo a pintava".[14] Vasari alega ser esse o motivo do discreto sorriso.
O fato é que o sorriso chamava pouca atenção e ninguém o considerava misterioso, mas a partir do século XIX várias teorias conspiratórias surgiram e o marketing do sorriso da Mona Lisa cresceu.
A Última Ceia:
Essa pintura mural de 460 X 880 cm, com técnica de óleo e têmpera sobre gesso, na parede do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, é uma das obras-primas de Leonardo da Vinci. Hoje bastante deteriorada, está em processo de restauração.
E lá vai Dan Brown outra vez: na página 252, o autor chama "A Última Ceia" de "afresco" quatro vezes. Brown desconhece que o artista, quando optou por pintá-la, renunciara à técnica conhecida por "afresco" e escolheu a técnica de óleo e têmpera sobre gesso.[15]
Na seqüência, o "culto" Sir Leigh Teabing insinua que na pintura deveria haver, mas não há, um cálice de vinho sobre a mesa. Ele conclui que a ausência do cálice demonstra que o Santo Graal não é o cálice: "O Santo Graal não é um objeto. Na verdade... trata-se de uma pessoa" (p.253).
Tudo bem, vamos explicar porque não existe o cálice na "A Última Ceia", já que os personagens do livro de Dan Brown desconhecem a história dessa pintura. Os três primeiros evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), relatam que Jesus após cear, tomou um cálice e tendo dado graças, o deu a Seus discípulos. Já o texto de João 13.21-24, apenas revela Jesus indicando que entre eles há um traidor e não mostra Cristo ceando ou bebendo com os discípulos. Foi baseado nesse texto joanino que Leonardo da Vinci pintou esse quadro e, por esse motivo, não aparece o cálice. A ênfase tanto do texto bíblico quanto da pintura não é no pão e no vinho, mas, sim, na surpresa dos apóstolos ao tomarem conhecimento de que entre eles havia um traidor.
Na seqüência, Teabing fala à deslumbrada Sophie que a pessoa à direita de Jesus é uma mulher – "Maria Madalena!" (p.260). E mais: que Pedro, com sua mão esquerda próxima ao pescoço de Maria Madalena, é um sinal de ameaça caso ela passe a ser a líder da igreja (p.265).
Puxa! Dan Brown sofre de alucinações. Primeiro: todos os esboços dessa pintura mural revelam que nela não existe mulher alguma e que a pessoa ao lado direito de Jesus Cristo é João, o amado. Se não for João, onde este estaria na pintura? Segundo: era típico do Renascimento retratar as pessoas supostamente "mais puras e mais santas" com um aspecto efeminado, motivo porque Leonardo o retratou assim (apesar de sabermos que João, o amado, não tinha nada de tão santo assim). Terceiro: se João parece uma mulher, o que dizer de Filipe (o terceiro à esquerda de Jesus)? Quarto: o texto de João 13.24 diz que Simão Pedro fez um sinal a João, "dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere". Essa falácia de Pedro ameaçando uma suposta Maria Madalena não tem nenhum fundamento.
As considerações de Brown sobre as pinturas de Leonardo são um desprezo solene ao conhecimento dos fatos.
Bem, meu conselho é que se algum dia Dan Brown quiser ser seu professor de artes, dê um pinote e saia correndo para não se tornar inculto.
Brown comete ainda outros erros artísticos, mas os relatados já são suficientes.
O hilariante é que nos agradecimentos do livro, Brown revela a profissão da sua esposa: "E minha esposa, Blythe – historiadora de arte, pintora, editora de primeira linha e, sem dúvida, a mulher mais incrivelmente talentosa que jamais conheci". Mesmo?? Pare de me fazer cócegas, Dan Brown!
Dan Brown: teologicamente desautorizado
a) "O tetragrama judaico YHWH – o nome sagrado de Deus – na verdade derivava de Jeová, uma união física andrógina entre o masculino, Jah, e o nome feminino pré-hebraico de Eva, Havah" (pp. 328-329):
Está tudo troncho! YHWH não deriva de Jeová. Pelo contrário, Jeová é que é uma adaptação da palavra YHWH. O tetragrama hebraico YHWH, sem qualquer vogal, era impronunciável. A sua provável vocalização era "YAHWEH". Foram os escritores cristãos, no século 16, que "introduziram Jeová sob a noção errônea de que as vogais que usavam eram as corretas. Jeová é um substantivo artificial criado a menos de 500 anos, e certamente não é um substantivo antigo e andrógino do qual YHWH deriva".[16]
b) "O Santo dos Santos do Templo de Salomão abrigava não só Deus como também sua poderosa consorte feminina, Shekinah". Homens vinham ao Templo fazer amor com as sacerdotisas e assim experimentavam o divino (p. 328):
O que o autor está afirmando é que Deus tinha relação sexual com sua consorte feminina (Shekinah) dentro do Santo dos Santos. Mais: que os judeus faziam sexo ritualístico com sacerdotisas no mesmo templo. Isso é terrivelmente estranho! E não tem o respaldo de nenhum texto hebraico sério!
Bem, no Santo dos Santos só entrava o Sumo Sacerdote, uma vez ao ano, para derramar sangue de animal no propiciatório como remissão dos pecados do povo de Israel. Qualquer pessoa que ousasse entrar no Santo dos Santos, além do Sumo Sacerdote, era prontamente eliminada por Deus. Deus se manifestava como uma nuvem que cobria o tabernáculo (Êxodo 40.34-38; Números 9.15-23; 1 Reis 8.10-11). Apesar da palavra Shekinah não aparecer na Bíblia Sagrada, é a palavra hebraica para designar "a manifestação da presença de Deus" sobre a arca da aliança. Os israelitas chamam a nuvem sobre o Santo dos Santos de"Shekinah" (a manifestação da presença de Deus). Shekinah não é um dos nomes de Deus e muito menos de sua "consorte feminina". A propósito, essa história de divindade com sua consorte feminina é doutrina hindu e não acha guarida na teologia judaico-cristã.
Na verdade, Dan Brown tentou transformar o local mais santo do Velho Testamento (o Santo dos Santos) em um quarto de motel.
c) "Maria Madalena é o Santo Graal [...] a esposa de Jesus [...] e não era prostituta (pp. 260-267):
Na verdade, há séculos, quando se fala sobre Maria Madalena, três hipóteses são logo levantadas:
A primeira: Maria da cidade de Magdala (Madalena), foi exorcizada por Cristo (Lucas 8.2) e passou a seguí-lO desde então. Não existe evidência para afirmar que era uma ex-prostituta. Eu acredito que ela não era.
A segunda: Maria da cidade de Magdala (Madalena), foi exorcizada por Cristo (Lucas 8.2) e era uma ex-prostituta. Esse ponto de vista só é possível quando se faz a fusão (costumo chamar de confusão) entre Lucas 7.36-50 (fala de uma prostituta, seu nome não é mencionado, que ungiu os pés de Jesus), Lucas 8.2 (fala sobre a ex-endemoninhada Maria Madalena) e João 12.1-8 (fala sobre Maria, provavelmente a irmã de Marta, que ungiu os pés de Jesus). Acredita-se que as mulheres mencionadas em Lucas 7 e em João 12 são Maria Madalena. A associação da mulher de Lucas 7 com Maria Madalena foi feita pelo papa Gregório I em um sermão em 591 d.C. Essa hipótese errônea é defendida pela igreja católica e por alguns pastores evangélicos.
A terceira: Maria da cidade de Magdala (Madalena), era amante de Jesus, teve uma filha dele e tornou-se a líder da igreja. Essa hipótese é baseada em alguns textos gnósticos, a saber: Evangelho de Filipe, Evangelho de Tomé e Evangelho de Maria. É essa calúnia que nos é ensinada no "O Código Da Vinci".
No romance, orientada pelo erudito Sir Teabing, Sophie leu um trecho doEvangelho de Filipe: "E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca" (p.263).
Acerca dessa passagem que descreve o beijo de Jesus em Maria Madalena (Evangelho de Filipe 63:32-64:10), o pesquisador e professor cristão Darrell L. Bock relata:
Este texto foi composto na segunda metade do século III, cerca de 200 anos após a época de Jesus. Descreve Maria como ‘companheira’ de Jesus. Dentre todas as passagens que podem sugerir que Jesus tenha sido casado, esta é a mais importante.
Porém, o ponto central do texto está fragmentado em 63:33-36 e diz: ‘E a companheira de [...] Maria Madalena. [... amou] a ela mais que a [todos] os discípulos e [costumava] beijá-la [sempre] na [...]’. Os colchetes indicam lacunas no texto, pontos em que a leitura não é possível devido a estragos no manuscrito. Aqui temos um mistério para desvendar![17]
Elaine Pagels, pesquisadora não-cristã dos evangelhos gnósticos, também confirma as lacunas no texto: "a que acompanhava o [Salvador é] Maria Madalena. [Mas Cristo a amava] mais que [todos] os discípulos, e costumava beijá-la [freqüentemente] nos [lábios]. Os outros [discípulos se ofenderam com isso...]".[18] Releia agora esse texto do Evangelho de Filipe sem as palavras em colchetes e veja quão especulativo ele realmente é. Por essas e outras é que os evangelhos gnósticos são descredenciados.
Os textos gnósticos têm autoria espúria (por exemplo, ninguém sabe quem é o autor do Evangelho de Filipe).[19] Suas datas são tardias (nenhum texto gnóstico se situa antes de 150 d.C. e, conseqüentemente, não foram escritos por testemunhas oculares).[20] Mais: seus conteúdos são fraudulentos, sem senso cronológico, sem qualquer pesquisa geográfica ou contexto histórico e cheios de discrepâncias com os textos do Novo Testamento que são confirmados historicamente.[21] Os evangelhos gnósticos são desconexos e indicam aversão aos fatos. Uma constelação de disparates.
Querido leitor, permita-me ser mais sincero: Dan Brown como aspirante a teólogo é um calhorda e seu romance parece mais um daqueles tablóides londrinos, mexeriqueiro, anticristão e tosco. Entre esse suposto teólogo e sua obra, não sei qual é o pior.
d) Sobre a adoração à "Mãe Terra" (pp. 135-136):
No que diz respeito à adoração à "Mãe Terra" versus ecologia cristã, sugiro a leitura do artigo "Ecologia Esotérica" (a ser publicado numa próxima edição).
Conclusão: quase tudo que nos ensinaram sobre Jesus é mentira?
Ao término do romance, constatei que Dan Brown nos entregou um cruel chiqueiro com o rótulo de uma pesquisa séria e erudita. Então, por que teria de me preocupar com um romance sem valor histórico, artístico e teológico? A resposta é simples: "O Código Da Vinci" nos ensina uma linhagem gnóstica-esotérica. Até arriscaria dizer que esse romance e o filme popularizarão a aceitação do gnosticismo com a mesma intensidade que o livro e o filme "As Brumas de Avalon" fizeram a favor do paganismo.
A esmagadora maioria dos seus leitores aceitou suas mentiras cadavéricas como sendo verdades preciosas. Poucos são aqueles que o questionaram. A maioria pratica uma leitura anestesiada. Por esse motivo, quando minha esposa me presenteou "O Código Da Vinci" no dia do meu aniversário, colocou em um trecho do oferecimento: "Que o conteúdo nele tratado possa ser desautorizado pelas verdades bíblicas". Saber desautorizar esse livro é dever do cristão para que cada vez menos pessoas sejam enganadas por essa fraude!
O romance de Brown é desprovido da verdade, mas muito ousado, ao ponto de colocar a seguinte afirmação na boca do seu respeitável historiador Sir Teabing: "Quase tudo o que nossos pais nos ensinaram sobre Jesus Cristo é mentira" (p.252). Baseado em que prova sólida ele faz tal afirmação? Quais são as credenciais desse autor para que possamos aferi-las?
Vejam bem, Brown escreveu um livro acerca de Jesus Cristo, citou várias fontes e interpretou-as do jeito que lhe aprouve. No entanto, em nenhum momento mencionou qualquer trecho dos evangelhos neo-testamentários que são a principal fonte fidedigna sobre a vida do nosso Senhor e Salvador.
O Dr. Tony Carnes, jornalista evangélico e professor da Columbia University, nos adverte: "Brown leva o leitor por caminhos traiçoeiros com um estilo de ‘ficção dominadora’. Ele tenta atropelar as faculdades mentais do leitor com falsificações grosseiras proferidas por autoridades fictícias de prestigiosas universidades como Harvard e Oxford. Cita fontes incorretamente ou refere-se a outras de que ninguém jamais ouviu falar, apresenta fatos não comprováveis e insulta com apelações como ‘todas as pessoas inteligentes sabem sobre isso"’.[22]
Invente outra, Dan Brown! Pois essa sua farsa não deu certo! Assim como não é possível ganhar a final olímpica dos 100 metros rasos com um medíocre condicionamento físico, de igual modo, não é racional aprender sobre a boa história, as refinadas artes e a teologia equilibrada com um romance pífio!
Aos cristãos que lerem o livro ou assistirem ao filme e ficarem em dúvida sobre a divindade de Jesus Cristo: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1.6-8).
Que seja assim. Amém! (Dr. Samuel Fernades Magalhães Costa)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maravilhas da biologia

Decifrada estrutura 3-D do genoma humano

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/10/2009

Cientistas decifram estrutura 3-D do genoma humano

Que a molécula de DNA tem a forma de uma rosca-sem-fim, comumente chamada de espiral dupla, todo o mundo sabe. O que é bem menos difundido é o fato de que, se o genoma de cada célula for esticado, ele terá dois metros de comprimento.

Sabendo disso, uma pergunta imediatamente se coloca: como é que as moléculas de DNA se enrolam para caber dentro da célula, sem se embaraçar e sem dar nós?

Imagem 3-D do DNA

Esta pergunta agora foi respondida por pesquisadores das universidades de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, que decifraram a estrutura tridimensional do genoma humano, gerando a primeira imagem 3-D do DNA em seu estado natural, no interior de uma célula.

"Nós sabemos há muito tempo que o DNA, em pequena escala, tem o formato de espiral dupla," diz o pesquisador Erez Lieberman-Aiden, um dos autores da descoberta. "Mas se a espiral dupla não se dobrar, o genoma de cada célula teria dois metros de comprimento. Os cientistas de fato não entendiam como a espiral dupla se dobra para caber no núcleo de uma célula humana, que tem cerca de um centésimo de milímetro de diâmetro."

Compartimento de acesso rápido

Ao mapear tridimensionalmente o DNA, os pesquisadores fizeram duas descobertas surpreendentes. Primeiro, o genoma humano é organizado em dois compartimentos separados, mantendo os genes ativos facilmente acessíveis, enquanto o DNA não utilizado fica muito mais compactado em um outro compartimento.

Os cromossomos deslizam para dentro e para fora dos dois compartimentos repetidamente, conforme seus DNAs tornam-se ativos ou inativos. "De forma muito inteligente, as células separam os genes mais ativos, tornando mais fácil para as proteínas e outros reguladores alcançá-los," diz Job Dekker, outro membro da equipe.

Densidade de informações no DNA

A segunda descoberta é que o genoma adota uma organização muito incomum, conhecida como fractal. A arquitetura específica que os cientistas encontraram, chamada "glóbulo fractal", permite que a célula empacote o DNA em um formato incrivelmente denso - a densidade de informações alcançada é trilhões de vezes mais alta do que a encontrada em uma memória de computador.

E isso sem permitir que o genoma se embarace ou dê nós, o que inviabilizaria o acesso da célula ao seu próprio genoma. Além disso, o DNA pode facilmente ser desdobrado e novamente dobrado durante os processos de ativação genética, repressão genética e replicação celular.

Confira no site

Nota do blog: Se, séculos no futuro, alguém escavando nossa finada civilização, encontrasse enterrado um computador plenamente funcional, com todas as janelinhas abrindo e fechando, emitindo sons, alertas e exibindo textos, dissesse: "que maravilha da evolução! uma forma de 'vida' que se formou através do silício, gálio, petróleo e estanho!", o que você diria?

Por que, então, esta maravilhosa molécula (dentre tantas outras maravilhas da biologia) muito além da compreensão e tecnologia humanas pode ter, simplesmente, aparecido e evoluído a partir da desordem? Pense nisto!

"Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem" - Sl 139:14

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sequenciamento Genético: A frustração.

Quando a molécula de DNA foi descoberta, em 7 de março de 1953 pelo estadunidense James Watson e pelo britânico Francis Crick, ficou claro que a ciência se deparava com um dos maiores avanços científicos do século.

A partir de então, muitas teorias e especulações foram propostas a respeito do funcionamento da molécula e de suas consequencias para o futuro da humanidade. A ciência chegou a acreditar ser possível traçar, com perfeição, as doenças que uma pessoa teria durante a vida, antes mesmo de ela nascer.

Com o anúncio do sequenciamento genético humano, há poucos anos, a ciência parecia tangenciar a ficção científica, onde se afigurava a criação de órgãos para transplantes sem rejeições, medicina preventiva, super-humanos, etc.

No entanto, com o passar dos anos, os cientistas ligados à área tiveram algumas desilusões. Isto tem se mostrado em vários estudos conduzidos sobre a correlação de trechos do DNA e o risco de doenças. Em um artigo publicado na semana passada, na revista Science, dois pesquisadores (Suíça e Estados Unidos) afirmaram que o homem está muito mais sujeito ao ambiente e seu estilo de vida do que outrora se imaginava, dando ao DNA um papel bem mais humilde do que os anteriores.

Embora a molécula continue sendo uma das mais fantásticas criações conhecidas no Universo, a ciência tem, seguidamente, comprovado que o homem tem cada vez menos apoio para descansar na predestinação e cada vez mais responsabilidades quanto ao seu próprio bem-estar.

"Uma meta factível de saúde pública que merece destaque é identificar, para cada indivíduo, fatores no seu estilo de vida que representem riscos particularmente elevados de doenças crônicas", dizem os pesquisadores.

Estas conclusões já estavam disponíveis há três milênios... E ganharam uma forcinha há 150 anos...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Homeopatia: Ciência ou Mito?

Matéria do site ciência hoje.

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Pajelança no consultório
Franklin Rumjanek critica o espaço que a homeopatia vem ganhando no Brasil



O que faz com que, hoje, um(a) médico(a) se especialize em homeopatia? O fato de negar a ciência? Já é antiga a polêmica sobre esse método não convencional de tratar as mais variadas patologias, que vão desde a asma até o câncer. Isso tudo baseado em premissas que contrariam todos os princípios estabelecidos pela ciência.

O médico Christian Friedrich Samuel Hanneman (1755-1843), considerado o pai da homeopatia.
Resumidamente, a homeopatia, enunciada por Hipócrates há quase 2.500 anos e estruturada pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hanneman (1755-1843), tem como base a cura pela similitude. Isso significa tratar as doenças com substâncias que reproduzem em pessoas sadias sintomas semelhantes àqueles observados nos indivíduos doentes. Deve-se, por exemplo, tratar a dor de cabeça com algo que produza dor de cabeça.

Por si só, essa estratégia já atropela a lógica, mas a coisa não pára aí. Para obter efeito, os compostos ativos têm que ser submetidos a diluições tão grandes (chamadas de dinamizações, nas quais agitam-se vigorosamente as soluções diluídas sobre uma pequena almofada) que praticamente são eliminados da solução. Para explicar esse paradoxo, os homeopatas argumentam que a dinamização produz aquilo que chamam de memória da água. Em outras palavras, o solvente preservaria em si um legado do composto originalmente empregado na solução. Essa memória seria suficiente para conferir ao solvente propriedades curativas. Aqui, novamente, a incompatibilidade com a química é total.

Embora o debate sobre a homeopatia não seja novo, alguns pesquisadores decidiram colocar um ponto final na questão. Em um estudo bastante abrangente, publicado em 2005 na The Lancet (v. 366, p. 726), respeitada revista sobre pesquisas médicas, Aijing Shang (da Universidade de Berna, na Suíça) e colaboradores compararam 110 ensaios homeopáticos com outros 110 alopáticos. O tratamento alopático, adotado pela medicina convencional, é o oposto do homeopático – ou seja, as drogas ministradas produzem efeitos contrários aos da doença.

Esse trabalho mostrou que o tratamento por homeopatia só alcança sucesso porque seus resultados positivos são conseqüência de viés (erro sistemático e vício) em sua interpretação. Por outro lado, os autores concluíram que o tratamento alopático é menos susceptível ao viés subjetivo de quem o aplica, ou seja, os resultados são interpretados mais objetivamente. Em outras palavras, quando o viés interpretativo era eliminado, o tratamento homeopático tinha apenas efeito placebo. Esse estudo foi tão contundente que o editorial da The Lancet , na edição em que foi publicado, anunciou a morte da homeopatia.

Entretanto, um ano depois, a homeopatia parece continuar ‘forte e sacudida’ (literalmente). A maior parte dos defensores da homeopatia provavelmente optou por ignorar o estudo. Alguns partidários mais articulados chegaram a publicar textos criticando-o, mas usaram argumentos tão convolutos, circulares e enviesados quanto aqueles que empregam na análise de seus próprios resultados.

Uma pesquisa sobre homeopatia na página do Centro Nacional para a Informação em Biotecnologia (NCBI, na sigla em inglês), um portal de busca dedicado a publicações da área biomédica, revela 3.287 ocorrências, das quais 85 referem-se a publicações em 2006. Outra busca na rede mostra que a homeopatia conta com 169 periódicos dedicados a ela – no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), há pelo menos uma revista citada.

No Brasil a homeopatia vai bem. Segundo a Associação Médica Homeopática Brasileira, o Brasil hospeda hoje o maior número de médicos homeopatas do mundo e também contribui significativamente para sua formação. Instituições de ensino tradicionais (por exemplo, a Universidade de São Paulo) abrigam cursos de homeopatia em sua Faculdade de Medicina. Essa forte presença da homeopatia no Brasil acabou por convencer o Sistema Único de Saúde (SUS) de sua utilidade. É a sagração do disparate. Resta saber agora se esse precedente abrirá o caminho para outras pérolas da medicina alternativa, como cromoterapia, florais de Bach, aromaterapia e bioenergética.


Franklin Rumjanek
Instituto de Bioquímica Médica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Nota do Blog: Existe uma corrida por terapias alternativas revestidas de pseudo-ciência. A lista é grande e, em muitos casos, o holismo é mais evidente, como os florais, aromaterapia e bioenergética, citados no artigo transcrito. No entanto, outras terapias alternativas têm sido erroneamente consideradas como medicina legítima, em alguns casos, por culpa dos próprios profissionais da saúde. Acumpuntura, iridologia e aparatos magnéticos são os mais comuns.

Também é interessante notar como a homeopatia é confundida com a fitoterapia. Ao contrário da primeira, a fitoterapia se baseia em propriedades medicinais encontradas em plantas, reconhecidamente eficazes.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brasil Procura Vida nas Estrelas

Reportagem do site Inovação Tecnológica

Laboratório brasileiro vai estudar vida fora da Terra

Thiago Romero e Washington Castilhos - 06/10/2009

Laboratório brasileiro vai estudar vida fora da Terra
A maior novidade do projeto brasileiro será a instalação da primeira câmara de simulação de ambientes espaciais do hemisfério Sul. [Imagem: NASA]

O que é astrobiologia

O primeiro laboratório de astrobiologia no Brasil será inaugurado no início de 2010, vinculado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). As instalações ficarão no Observatório Abrahão de Moraes, em Valinhos (SP).

Astrobiologia é o estudo da origem, da evolução, da distribuição e do desenvolvimento da vida no Universo. Esse campo de pesquisas inclui a busca por locais habitáveis no Sistema Solar e em outros planetas e luas, conhecidos como exoplanetas e exoluas.

É por isto que a astrobiologia é também conhecida como exobiologia. Outra denominação comum é bioastronomia. O campo é multidisciplinar e envolve contribuições da astronomia, biologia molecular, química, meteorologia, geofísica e geologia.

Simulação de ambientes espaciais

A maior novidade do projeto brasileiro será a instalação da primeira câmara de simulação de ambientes espaciais do hemisfério Sul, que já está sendo construída no local.

O equipamento, que reproduz condições e ambientes extraterrestres, deverá entrar em funcionamento no segundo semestre de 2010. "Com a câmara, conseguiremos simular parâmetros de ambientes fora da Terra, como as condições do espaço ou de outros planetas", afirma Douglas Galante, coordenador do projeto.

"Se precisamos entender como um organismo vivo sobreviveria em Marte, por exemplo, é possível recriar as características marcianas, controlando variáveis como temperatura, composição gasosa, pressão atmosférica e radiação ultravioleta, de modo que as amostras inseridas dentro da câmara são acompanhadas por detectores", explicou o pesquisador do Departamento de Astronomia do IAG.

Vida fora da Terra

O objetivo é que o laboratório seja usado pela comunidade científica nacional e internacional em pesquisas teórico-experimentais, contribuindo para o avanço do conhecimento em questões diversas da astrobiologia.

Entre elas estão a possibilidade de existir vida fora da Terra, a origem da vida no planeta e o futuro da vida na Terra e em outros corpos celestes. "A única certeza que temos hoje é que existe vida na Terra, ainda que não saibamos de que forma ela surgiu. Sabemos também que talvez tenha existido vida em Marte no passado, quando lá havia água mais abundante", disse Galante.

"Várias sondas trabalham naquele planeta para tentar identificar esses indícios de vida. Isso mostra que estamos apenas engatinhando no entendimento de como a vida surge, evolui e algum dia pode se extinguir, na Terra e fora dela", afirmou [destaques do blogueiro].

Reportagem completa

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Nota do blog: Galante declara que a ciência, realmente, não sabe como a vida surgiu na Terra. Mas o que não dá para entender mesmo é o por quê de qualquer questionador do evolucionismo ser caçado como bruxa, justamente pela "ciência" que deveria estimular o espírito indagador e perplexo. É impossível mexer com as "vacas sagradas" da evolução sem levantar uma horda de fiéis piromaníacos evolucionistas com tochas acesas, dispostos a queimar, antes mesmo dos opositores, as "falsas provas" da "pseudo-ciência" (que pode ser qualquer coisa que vá contra à coalisão dominante).

Se tornou crucial para o evolucionismo a busca de vida fora da Terra. Sem ela, tem ficado cada vez mais difícil de probabilizar mais uma coincidência extrema do evolucionismo: ser a Terra a solitária ilha de vida no meio da aridez do espaço. Parece que as pesquisas buscam desesperadamente organismos extraterrestres para enfim declarar: "Viram? a vida aparece por si só! Esqueçam Deus!".

Gafanhoto: Milagre da evolução?

(do site www.inovacaotecnologica.com.br)

Gafanhoto vai para túnel de vento para inspirar microrrobôs voadores

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/09/2009

Gafanhoto vai para túnel de vento para inspirar microrrobôs voadores
Rastros de fumaça no túnel de vento ajudam a coletar todos os detalhes do movimento das asas do gafanhoto.[Imagem: Simon Walker, Animal Flight Group, Oxford University]
O famoso "paradoxo do besouro," que afirma que os insetos desobedecem as leis da aerodinâmica, e que alguns deles nem mesmo poderiam voar, está definitivamente morto. Quem garante é o Dr. John Young, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, afirmando que a moderna aerodinâmica já é capaz de modelar com precisão o voo dos insetos.

Recentemente, um grupo de pesquisadores alemães criou um simulador de voo para moscas, a fim de estudar seu voo e sua visão. Pesquisadores holandeses também se inspiraram nas moscas para concluir que microrrobôs voadores serão mais eficientes se forem dotados de asas híbridas, um misto de asas que batem e asas que giram.

Gafanhoto no túnel de vento

Já o Dr. Young prefere os gafanhotos. E não é por acaso. Como seu objetivo também é guiar a construção de microrrobôs voadores mais eficientes, ele está interessado em como os gafanhotos conseguem voar distâncias tão grandes, indo de um continente a outro, mesmo dispondo de uma reserva de energia mínima.

Para estudar a eficiência do voo dos gafanhotos, Young e sua equipe construíram um túnel de vento para decodificar os segredos aerodinâmicos desse animal que não possui um desenho assim tão "aerodinamicamente correto" - pelo menos não do ponto de vista da aerodinâmica aplicada aos veículos humanos.

Usando fumaça e câmeras de vídeo de altíssima resolução, os pesquisadores filmaram o voo de inúmeros "gafanhotos-voluntários" no interior do seu túnel de vento.

Microrrobôs voadores e microaviões

As informações coletadas foram suficientes para criar um modelo de computador que recria com precisão o fluxo de ar, o empuxo e a sustentação gerados pelo complexo movimento das asas dos gafanhotos.

Isto significa que, pela primeira vez, os pesquisadores compreendem em detalhes os segredos aerodinâmicos de um dos voadores mais eficientes da natureza. E entender é o primeiro passo para copiar. Neste caso, para tentar reproduzir a mecânica do voo dos gafanhotos em um microrrobôs voadores e microaviões.

"Os sistemas biológicos vêm sendo otimizados por meio das pressões evolucionárias ao longo de milhões de anos [sic], e oferecem muitos exemplos de desempenho que superam largamente o que nós podemos fazer artificialmente," diz Young. "As asas delicadamente estruturadas, com seus contornos e curvas, e superfícies estriadas e enrugadas, estão muito além do melhor que se pode conseguir com as asas de um avião."

Nada é por acaso

Com o modelo computadorizado à disposição, os pesquisadores puderam avaliar a importância desses contornos e curvas e estrias e rugas encontradas nas asas dos gafanhotos.

Em um teste, eles removeram as rugosidades e as curvas e mantiveram os contornos. Noutro, eles eliminaram todas as rugosidades e estrias, simulando asas com o mesmo formato das asas dos insetos, mas totalmente lisas. Os resultados mostraram que os modelos simplificados produzem sustentação, mas são muito menos eficientes, exigindo muito mais energia para voar.

"A mensagem para os engenheiros que estão trabalhando na construção de microveículos voadores inspirados em insetos é que a elevada sustentação das asas dos insetos pode ser relativamente fácil de conseguir, mas que se o objetivo é atingir a eficiência que permite o voo intercontinental dos gafanhotos, então os detalhes do projeto maleável da asa do animal são críticas," conclui o pesquisador [grifos do autor do blog].

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Nota do blog: É interessante notar que a "evolução" supostamente tenha produzido criaturas tão fantásticas, cujas quais os engenheiros estudam para tentar aproximar suas criações ao máximo do que encontram nas mesmas. Se está difícil copiar esta "tecnologia" da natureza, é consenso entre os pesquisadores que superá-la é, virtualmente, impossível. "Tende fé na Evolução", diria São Darwin.


domingo, 23 de agosto de 2009

Muito mais água na Terra!

Uma pesquisa interessantíssima aponta no sentido de que a Terra pode ter muito mais água do que se imaginava. Se as observações instrumentais forem comprovadas, uma importante variável será acrescentada ao Criacionismo. Desta forma, a Terra teria muito mais água disponível para cobrir as mais altas cadeias de montanhas, sem recorrer-se tão necessariamente aos modelos do afundamento dos continentes, ou a inversão de oceanos-continentes (ROTH, A. Origens. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP. 2003).

É interessante notar que as bases da geologia estão, constantemente, sendo sacudidas. Parece que, cada vez mais, há menos "certezas" científicas sobre os fundamentos desta ciência.

Haja vista a teoria da evolução depender da visão de Lamark sobre longas eras geológicas regidas pelo uniformismo (Darwin, C. A origem das espécies através da seleção natural. 1859), sua fundamentação está, a cada dia, sendo mais questionada. É uma pena que o público geral não tenha conhecimento de quanto existe de omissões deliberadas por parte de certos círculos científicos a respeito do enfraquecimento da teoria da evolução, embora a grande mídia pregue o oposto (aí sim, em uma inverdade gritante).

Segue a íntegra da reportagem do site "Inovação Tecnológica":

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=terra-ter-oceanos-seu-interior&id=010125090821

Terra pode ter oceanos em seu interior

BBC Brasil - 21/08/2009

Terra pode ter oceanos em seu interior

Demonstração esquemática das zonas de subducção, que poderiam ser as responsáveis pelo acúmulo de água no interior da Terra.[Imagem: Humboldt Fundation


Um estudo que mediu a eletrocondutividade no interior do planeta indica que talvez haja imensos oceanos sob a superfície da Terra, muito abaixo do leito dos oceanos superficiais.

Água nas profundezas

A água é um condutor extremamente eficiente de eletricidade. Por isso, cientistas da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, acreditam que altos níveis de condutividade elétrica em partes do manto terrestre - região espessa situada entre a crosta terrestre e o núcleo - poderiam ser um indício da presença de água.

Os pesquisadores criaram o primeiro mapa global tridimensional de condutividade elétrica do manto. Os resultados do estudo foram publicados nesta semana na revista científica Nature.

Zonas de subducção

As áreas de alta condutividade coincidem com zonas de subducção, regiões onde as placas tectônicas - blocos rígidos que compõem a superfície da Terra - entram em contato e uma, geralmente a mais densa, afunda sob a outra em direção ao manto.

Geólogos acreditam que as zonas de subducção sejam mais frias do que outras áreas do manto e, portanto, deveriam apresentar menor condutividade.

"Nosso estudo claramente mostra uma associação próxima entre zonas de subducção e alta condutividade. A explicação mais simples seria (a presença de) água", disse o geólogo Adam Schultz, coautor do estudo.

Mistério geológico

"Se a água não estiver sendo empurrada para baixo pelas placas, seria ela primordial? (Estaria) lá embaixo há bilhões de anos? E se foi levada para baixo à medida que as placas lentamente afundam, seria isso um indício de que o planeta já foi muito mais cheio de água em tempos longínquos? Essas são questões fascinantes para as quais ainda não temos respostas," diz o pesquisador.

Apesar dos avanços tecnológicos, os especialistas não sabem ao certo quanta água existe abaixo do leito oceânico e quanto dessa água chega ao manto.

"Na verdade, não sabemos realmente quanta água existe na Terra", disse um outro especialista envolvido no estudo, o oceanógrafo Gary Egbert. "Existem alguns indícios de que haveria muitas vezes mais água sob o fundo do mar do que em todos os oceanos do mundo combinados."

Segundo o pesquisador, o novo estudo pode ajudar a esclarecer essas questões.

Água primordial

A presença de água no interior da Terra teria muitas possíveis implicações.

A água interage com minerais de formas diferentes em profundidades diferentes. Pequenas quantidades de água podem mudar as propriedades físicas das rochas, alterar a viscosidade de materiais presentes no manto, auxiliar na formação de colunas de rocha quente e, finalmente, afetar o que acontece na superfície do planeta.

E se a condutividade revelada pelo estudo for mesmo resultado da presença de água, o próximo passo seria explicar como ela chegou lá.

"Se a água não estiver sendo empurrada para baixo pelas placas, seria ela primordial? (Estaria) lá embaixo há bilhões de anos?", pergunta Schultz.

"E se foi levada para baixo à medida que as placas lentamente afundam, seria isso um indício de que o planeta já foi muito mais cheio de água em tempos longínquos? Essas são questões fascinantes para as quais ainda não temos respostas".

Os cientistas esperam, no futuro, poder dizer quanta água estaria presente no manto, presa entre as rochas.

domingo, 5 de julho de 2009

Ellen White, Racista?

Ellen G. White tem sido acusada, por alguns críticos, de racismo, de acordo com textos citados neste artigo. Estes textos, pretensamente, mostrariam que a autora desaprovava o casamento entre negros e brancos e mesmo excluía os negros de papéis de liderança entre os crentes de então. Antes de qualquer aprofundamento no tema, deve-se saber o que a acusada realmente pensava sobre o tema, para então chegar-se às finais conclusões:


"Trabalho com os Negros

"Há neste país um vasto campo não trabalhado. Os negros, numerando milhares de milhares, devem merecer a consideração e simpatia de todo verdadeiro e ativo crente em Cristo. Esse povo não vive em algum país estrangeiro, e não se prostram ante ídolos de pau e de pedra. Vivem entre nós, e repetidamente, mediante os testemunhos de Seu Espírito, Deus chamou nossa atenção para eles, dizendo-nos que aí se acham seres humanos negligenciados. Esse vasto campo está perante nós por trabalhar, pedindo a luz que Deus nos confiou. Testimonies, vol. 8, pág. 205.

"Muros de separação têm sido construídos entre os brancos e os negros [a autora relata um fato corrente]. Esses muros de preconceito ruirão por si mesmos, como aconteceu com os muros de Jericó, quando os cristãos obedecem à Palavra de Deus, que lhes ordena o supremo amor ao Seu Criador e amor imparcial ao próximo. ... Que toda igreja cujos membros professem crer na verdade para este tempo, olhe para essa raça negligenciada e oprimida, que em resultado da escravidão [este conceito será muito importante para a interpretação dos textos ulteriores] foi privada do privilégio de pensar e agir por si mesmos. Review and Herald, 17 de dezembro de 1895.

"Empenhemo-nos em fazer uma obra pelo povo do Sul. Não nos contentemos com simplesmente ficar a contemplar, tomando meras resoluções que nunca se cumprem; mas façamos de coração alguma coisa para o Senhor, para aliviar a miséria de nossos irmãos negros. Review and Herald, 4 de fevereiro de 1896.

"O nome do negro está escrito no livro da vida, junto do nome do branco [acusar Ellen G. White de racismo só pode ser considerado uma calúnia criminosa!]. Todos são um em Cristo. O nascimento, a posição, nacionalidade ou cor não podem elevar nem degradar os homens [!!!!]. O caráter é que faz o homem. Se um pele-vermelha, um chinês ou africano rende o coração a Deus em obediência e fé, Jesus não o ama menos por causa de sua cor. Chama-lhe Seu irmão muito amado. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Vem o dia em que os reis e os senhores da Terra teriam prazer em trocar lugares com o mais humilde africano que lançou mão da esperança do evangelho. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Deus cuida não menos das almas da raça africana que possam ser ganhas para servi-Lo, do que cuidou de Israel. Ele requer muito mais de Seu povo do que este Lhe tem dado em trabalho missionário entre o povo do Sul de todas as classes, e especialmente a raça de cor. Não estamos nós sob obrigação mesmo maior de trabalhar pelo povo de cor, do que por aqueles que têm sido mais altamente favorecidos? Quem foi que manteve esse povo em servidão? Quem os conservou em ignorância? ... Se a raça se degradou, se são repulsivos nos hábitos e maneiras, quem os fez assim? Não lhes deve muito a gente branca? Depois de tão grande injustiça lhes haver sido feita, não se deveria fazer sério esforço por erguê-los? A verdade tem de ser-lhes levada, eles têm alma a ser salva, assim como nós. The Southern Work, págs. 11 e 12, escrito em 20 de março de 1891."

Os textos abaixo estavam em uma das (muitíssimas) versões anteriores do artigo "Ellen White" na "Weak"pédia:

Racismo com Negros

  • Casamentos entre negros e brancos
"...há uma objeção ao casamento de brancos com negros. Todos devem considerar que não têm o direito de trazer a sua prole aquilo que a coloca em desvantagem; não têm o direito de lhe dar como patrimônio hereditário uma condição que os sujeitaria a uma vida de humilhação. Os filhos desses casamentos mistos têm um sentimento de amargura para com os pais [note-se que a autora relatava um fato presente, e não uma possibilidade futura] que lhes deram essa herança para toda a vida. Por essa razão, caso não houvesse outras, não deveria haver casamentos entre brancos e negros... [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
"...quanto à conveniência de casamento entre jovens cristãos brancos e negros, o esclarecimento que me foi dado da parte do Senhor foi que esse passo não devia ser dado; pois não é certo criar discussão e confusão [aqui a autora mostra claramente quais são as implicações: discussão e confusão. Não deixa, de forma alguma, entender que o motivo é a inferioridade da raça negra]. Tenho tido sempre o mesmo conselho a dar. Nenhuma animação deve ser dada a casamentos dessa espécie entre nosso povo. Que o irmão negro se case com uma irmã negra que seja digna, que ame a Deus e guarde os Seus mandamentos. Que a irmã branca que pensa em unir-se em casamento a um irmão negro se recuse a dar tal passo, pois o Senhor não está dirigindo nessa direção. Mensagens Escolhidas Págs. 343 e 344 (1912) [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
  • Negros na liderança da obra Adventista nos EUA
"As pessoas de cor não devem pressionar para serem colocados em igualdade com os brancos." [o texto original se refere ao trabalho nas cidades do sul, onde existia um forte preconceito contra os irmãos da raça negra. Esta citação é, falaciosamente, retirada de todo um contexto para servir a propósitos anti-White muito simplórios e fracos] - Testimonies for the Church Volume Nine, page 214, paragraph 3.
"Oportunidades estão sempre aparecendo nos Estados do Sul, e muitos homens de cor são chamados ao trabalho. Mas, por muitas razões, os brancos devem ser escolhidos como líderes [note-se o contexto]. Todos nós somos membros de um corpo que é completo unicamente em Jesus Cristo, que vai elevar seu povo do baixo nível que o pecado degradou e então serão colocados onde devem ser reconhecido nas cortes celestiais como trabalhadores juntos a Deus." Testimonies for the Church Volume Nine, page 202 [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
Neste recorte da Wikipédia, os textos em itálico são do editor anti-adventismo Abviana. Os comentários entre colchetes e os demais grifos são deste blog.

Considerações e conclusões:

À luz dos primeiros textos (propositalmente omitidos na "Weak"pédia) e também das circunstâncias em que a autora redigiu os últimos, pode-se ver que os seus conselhos visavam proteger os irmãos negros de discriminação e contrafação, sobretudo nos estados do sul, onde o racismo foi muito mais intenso.

Visitei Atlanta, capital do estado da Geórgia (EUA), alguns anos atrás. É impressionante saber que apenas a área hoje conhecida como "underground" foi o que restou da cidade durante a guerra civil. E os negros estavam no centro da ideologia motivadora da guerra. O racismo sempre foi intenso nos Estados Unidos (veja a "KKK"- Klu Klux Klan) e, certamente, no período em que vivia a autora, as situações em detrimento dos negros eram, decididamente, muito piores do que as de hoje.

Como retratado nos anais e pincelado nos trechos do livro Serviço Cristão, os negros foram, graças à escravidão dos brancos, privados de educação, cultura e recursos essenciais ao seu desenvolvimento como classe dentro da sociedade americana. Naquela ocasião, naquele espaço geográfico, é inegável concluirmos que eles possuíam inúmeras deficiências em relação a classe branca. Dentre estas deficiências, a principal era sua aceitação como pessoas iguais por parte da classe branca. Isto diminuiria sua eficácia no trabalho missionário entre os brancos do sul. Deixe-se muito claro que isto ocorria por causa do cerceamento de seus direitos pela escravatura e, obviamente, não por causa de sua etnia. Este é o pensamento que White possuía ao aconselhar que brancos liderassem o trabalho missionário na ocasião, que são óbvios no contexto textual e foram, propositalmente, omitido pelos críticos da autora.

Entretanto, nenhuma destas reflexões pode, com efeito, defender melhor a autora das falaciosas acusações de racismo do que o próprio texto da mesma, já exposto acima.

Como se pode ver, os textos incluídos na Wikipédia foram, antes de qualquer coisa, criminosos. A personalidade espúria que se deteve no trabalho de pesquisar textos que acusavam a autora de racismo certamente encontrou textos que, se ao menos lidos, contrafariam a idéia.

Muitos são os engodos que são apresentados nas grandes mídias para, se possível, enganar os próprios eleitos.

Mc 13:33 "Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo."

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Agradecimento aos leitores

Faço esta postagem para agradecer às dezenas de leitores que têm acessado este blog, seja com freqüência ou esporadicamente. São oito países - a maioria de língua portuguesa - que, até agora, originaram os hits neste blog:

Brasil - obrigado!
Portugal - obrigado!
Angola - obrigado!
Argentina - muchas gracias!
Cabo Verde - obrigado!
Moçambique - obrigado!
Espanha (España) - muchas gracias!
Estados Unidos (United States of America) - Thanks!

A todos, o meu agradecimento e votos de muita verdade em suas vidas.

Alex

Álcool e Saúde: Episódio I

Esta matéria é de Roni Caryn Rabin Do 'New York Times', divulgada no site do G1. Você pode conferi-la em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1203333-5603,00.html. O texto foi transcrito na íntegra e, deixe-se claro, os créditos são do autor citado. Os comentários do blogueiro estão entre colchetes e os grifos foram acrescentados.

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Álcool em moderação faz bem? Muitos especialistas duvidam

Estudos apontam efeito benéfico estão cheios de falhas metodológicas.
Pesquisadores temem expor pessoas a riscos em testes controlados.

Até agora, trata-se de uma ladainha familiar: vários estudos sugerem que o álcool, se consumido com moderação, pode promover a saúde cardíaca e até mesmo prevenir a diabetes e a demência. São tantas evidências que alguns especialistas consideram o consumo moderado da bebida – cerca de uma dose por dia para mulheres, duas para os homens – um componente central de um estilo de vida saudável. Porém, e se tudo isso for um grande engano?

Para alguns cientistas, essa pergunta nunca vai embora. Nenhum estudo, afirmam os críticos, jamais provou uma relação causal entre o consumo moderado de álcool e a diminuição no risco de morte – somente que os dois elementos geralmente estão juntos. Pode ser que o consumo moderado de álcool seja apenas algo que as pessoas saudáveis tendem a fazer, não algo que as torna saudáveis.

"Quem bebe moderadamente tende a fazer tudo certo – eles se exercitam, não fumam, comem bem e bebem moderadamente", disse Kaye Middleton Fillmore, sociólogo aposentado da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que criticou a pesquisa. "É muito difícil desmembrar todos esses fatores, e este é o verdadeiro problema."

Alguns pesquisadores afirmam estarem assombrados pelos erros cometidos em estudos sobre terapia de reposição hormonal, que foi amplamente prescrita por anos com base em estudos observacionais similares àqueles sobre o álcool. Perguntas também foram levantadas em relação às relações financeiras que brotaram entre a indústria de bebidas alcoólicas e muitos centros acadêmicos, que aceitaram dinheiro da indústria para o pagamento de pesquisas, treinamento de estudantes e promoção das descobertas.

Nem um único estudo
"O fato é que não houve um estudo sequer realizado sobre o consumo de álcool e os resultados de mortalidade que seja um 'padrão de ouro' – o tipo de testes clínicos controlados e randômicos que seriam exigidos para aprovar um novo agente farmacêutico neste país", disse Dr. Tim Naimi, epidemiologista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Até mesmos ávidos defensores do consumo moderado de bebida alcoólica suavizam suas recomendações com alertas sobre os perigos do álcool, que tem sido atrelado a câncer de mama e pode levar a acidentes, mesmo se consumido em pequenas quantidades, além de estar relacionado a doenças do fígado, câncer, problemas cardíacos e derrames, se consumido em grandes quantidades.

"É muito difícil formar uma mensagem única, pois uma coisa não serve para todos aqui, e a mensagem de saúde pública tem de ser bastante conservadora", disse Dr. Arthur L. Klatsky, cardiologista em Oakland, Califórnia, autor de um estudo significativo no começo da década de 1970 que descobriu que membros da Kaiser Permanente (a maior organização nos Estados Unidos para serviços de saúde abrangentes) que bebiam com moderação tinham menos probabilidade de serem hospitalizados devido a ataques cardíacos, em comparação aos abstêmios. Desde então, ele tem recebido bolsas de pesquisa financiadas por uma fundação da indústria de bebidas alcoólicas, apesar de observar que pelo menos um de seus estudos descobriu que o álcool aumenta o risco de hipertensão.

"Pessoas que não conseguem parar em uma ou duas doses por dia não deveriam beber. Aquelas com doenças no fígado também não devem beber", disse Klatsky. Por outro lado, "o homem de 50 ou 60 e poucos anos que tem um ataque cardíaco e decide se recuperar, abrindo mão de sua taça de vinho à noite – essa pessoa estaria melhor se fosse um consumidor moderado de álcool".

Cautela
Organizações de saúde têm expressado suas recomendações com cautela. A Associação Americana do Coração afirma que as pessoas não deveriam começar a beber para se proteger de doenças cardíacas. As diretrizes de dieta dos Estados Unidos, de 2005, afirmam que "o álcool pode ter efeitos benéficos quando consumido com moderação".

Essa associação foi feita pela primeira vez no começo do século 20. Em 1924, um biólogo da Johns Hopkins, Raymond Pearl, publicou um gráfico com uma curva em forma de "U", suas pontas em ambos os lados representando os maiores índices de morte de bebedores frequentes e abstêmios; no meio, estavam os bebedores moderados, com os menores índices. Dezenas de outros estudos observacionais replicaram essas descobertas, particularmente em relação a doenças cardíacas.

"Com exceção do fumo e do câncer de pulmão, essa é provavelmente a associação mais estabelecida no campo da nutrição", disse Eric Rimm, professor associado de epidemiologia e nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard. "Existem provavelmente pelo menos cem estudos até agora, e o número cresce a cada mês. Isso faz o tema ser único."

Acredita-se [é diferente de sabe-se] que o álcool reduza as doenças coronarianas, pois, conforme se descobriu, ele aumenta o colesterol "bom", HDL, e tem efeitos anticoagulantes. Outros benefícios também têm sido sugeridos. Um pequeno estudo na China descobriu que pacientes mais velhos com deficiência cognitiva que bebem com moderação não se deterioram tão rapidamente quanto abstêmios. Um relatório do Framingham Offspring Study descobriu que consumidores moderados de álcool tiveram maior densidade mineral do em seus ossos da bacia do que abstêmios. Pesquisadores relataram que consumidores moderados têm menos probabilidade, em relação aos abstêmios, de desenvolver diabetes. Aqueles indivíduos com diabetes tipo 2 que bebem levemente têm menos tendência a desenvolver doenças coronarianas.

Quem são os abstêmios?
No entanto, os estudos que comparam bebedores moderados com abstêmios têm sido criticados nos últimos anos. Os críticos questionam: Quem são esses abstêmios? Por que eles evitam o álcool? Existe algo que os deixa mais suscetíveis a doenças cardíacas?

Alguns pesquisadores suspeitam que o grupo de abstêmios pode incluir "ex-bebedores doentes", ou seja, pessoas que pararam de beber por causa de alguma doença cardíaca. As pessoas também tendem a reduzir o consumo de bebida à medida que envelhecem, o que faria do abstêmio padrão uma pessoa de mais idade – e presumivelmente mais suscetível a doenças – em relação à pessoa que bebe com moderação.

Em 2006, pouco depois que Fillmore e colegas publicaram uma análise crítica afirmando que grande parte dos estudos sobre o álcool revisados por eles tinha falhas, Dr. R. Curtis Ellison, médico da Universidade de Boston, defensor dos benefícios do álcool, fez uma conferência sobre o tema. Um resumo da conferência, publicado um ano depois, dizia que os cientistas haviam chegado a um "consenso" de que o consumo moderado de álcool "mostrou ter efeitos predominantemente benéficos à saúde".

O encontro, como grande parte do trabalho de Ellison, foi parcialmente financiado por bolsas concedidas pela indústria. O resumo foi escrito por ele e Marjana Martinic, vice-presidente sênior do Centro Internacional para Políticas do Álcool, um grupo sem fins lucrativos apoiado pela indústria. O centro pagou por dez mil cópias do resumo, incluídos em páginas avulsas gratuitas em duas publicações médicas, "The American Journal of Medicine" e "The American Journal of Cardiology".

Independência?
Em entrevista, Ellison afirmou que sua relação com a indústria não influencia seu trabalho, acrescentando que "ninguém olharia nossas críticas se não apresentássemos uma visão equilibrada". Fillmore e os co-autores de sua análise postaram um comentário online afirmando que o resumo embelezou algumas das divisões profundas que polarizaram o debate na conferência. "Também questionamos as conclusões de Ellison e Martinic de que o consumo mais frequente de bebida alcoólica é o maior indicador de benefícios à saúde", escreveram eles.

Fillmore recebeu apoio da Fundação de Educação e Reabilitação do Álcool da Austrália, um grupo sem fins lucrativos que trabalha para prevenir o abuso de álcool e outras substâncias. Ellison disse que a análise de Fillmore ignorou novos estudos que corrigiam os erros metodológicos de trabalhos anteriores. "Ela acabou dispensando o essencial", disse ele.

Enquanto isso, duas questões centrais permanecem sem solução: se abstêmios e consumidores moderados de álcool são fundamentalmente diferentes e, se forem, se são essas diferenças que fazem com que eles vivam mais, em vez de seu consumo alcoólico.

Naimi, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que elaborou um estudo observando as características de consumidores moderados de álcool e abstêmios, afirma que os dois grupos são tão diferentes que simplesmente não podem ser comparados. Pessoas que bebem com moderação são mais saudáveis, mais ricas e mais instruídas, inclusive recebem melhor assistência médica, apesar de terem mais probabilidade de fumar. Eles têm até mais tendência a ter todos os dentes da boca, um sinal de bem-estar.

"Pessoas que bebem moderadamente tendem a ser socialmente avantajadas de formas que não têm nada a ver com seu consumo de álcool", disse Naimi. "Esses dois grupos são como bananas e maçãs". Simplesmente aconselhar as pessoas que não bebem a beber não vai mudar isso, disse ele.

Teste controlado
Alguns cientistas afirmam que chegou a hora de realizar um grande teste clínico controlado e randômico, a longo prazo, como aqueles para as novas drogas. Uma abordagem pode ser recrutar um grande grupo de abstêmios que seriam randomicamente orientados a tomar uma dose diária de álcool ou se abster, e então eles seriam acompanhados por vários anos. Outra abordagem seria recrutar pessoas com risco de desenvolver doenças coronarianas.

Entretanto, até os especialistas que acreditam nos benefícios à saúde de álcool afirmam que essa é uma ideia pouco plausível. Grandes testes randômicos são caros, e eles podem não ter credibilidade, a não ser que sejam financiados pelo governo, que provavelmente não assumiria essa tarefa controversa [então, a questão de o álcool ser bom para a saúde não é tão "unânime" assim, não é?]. Existem problemas práticos e éticos em dar álcool a abstêmios sem deixá-los conscientes disso e sem contribuir para acidentes.

Ainda assim, alguns pequenos testes clínicos já estão a caminho, a fim de verificar se diabéticos podem reduzir seu risco de doenças cardíacas ao consumir álcool. Em Boston, pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center estão recrutando voluntários com 55 anos ou mais com risco de doenças cardíacas e orientando-os randomicamente a beber limonada pura ou limonada com um pouco de álcool de cereal, enquanto cientistas monitoram seus níveis de colesterol e examinam suas artérias.

Em Israel, pesquisadores deram a indivíduos com diabetes tipo 2 vinho ou cerveja sem álcool. Eles descobriram que os que beberam vinho tiveram quedas significativas no nível de açúcar no sangue, apesar de somente após o jejum. Os cientistas israelenses estão agora trabalhando com uma equipe internacional para iniciar um amplo teste, com dois anos de duração.

"A última coisa que queremos, como pesquisadores e médicos, é expor pessoas a algo que possa prejudicá-las. É esse medo que nos impediu de fazer os testes", disse Dr. Sei Lee, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que recentemente propôs uma ampla pesquisa sobre álcool e saúde. "Porém, essa é uma questão realmente importante", ele continuou. "Porque aqui temos uma substância prontamente disponível e amplamente consumida que pode, na verdade, ter um significativo benefício à saúde – mas não sabemos o suficiente para fazer recomendações."

Comentário do blogueiro: todos sabem (apenas alguns não admitem) que estas pesquisas são apenas "bengalas" para desculpar o consumo do álcool, principalmente em uma de suas formas viciosas mais perigosas: o "beber socialmente".

Não conheço ninguém que consuma álcool como remédio. Agora, conheço dúzias que consomem e tentam aliviar a consciência dizendo que faz bem para a saúde.

É muito provável que o álcool traga algum benefício para um determinado aspecto da saúde mas, a saúde deve ser analisada como um todo. O fato de aumentar o "bom colesterol" e diminuir a coagulação do sangue não é suficiente para se afirmar que seu consumo seja desejável ou saudável. E os malefícios? E o risco de câncer? E os demais problemas sociais advindos do consumo de álcool?

Caro leitor, pense: podem morrer mais pessoas do coração por não consumirem álcool, do que morrem pessoas em virtude do consumo da mesma substância? Em outras palavras: veja as mortes no trânsito, as cirroses, mortes por brigas e desentendimentos que o álcool ocasiona, a abertura de uma porta para outros tipos de drogas, o alcoolismo na infância e na adolescência e responda: mesmo que realmente o álcool tivesse todos os benefícios que se alega, valeria a pena?

Considere o quanto custa o consumo de álcool para a previdência social, quantas pessoas são hospitalizadas em virtude do consumo da bebida. Quanta ineficiência no trabalho é gerada pelo mesmo motivo. Quanto os produtos que você compra poderiam ser mais baratos em virtude da carga social-tributária menor e do aumento da eficiência do produtor.

Veja os índices de violência que despencam nas cidades que adotaram a "lei seca" a partir das 10:00h da noite. Mais uma vez pergunto: vale a pena?