domingo, 5 de julho de 2009

Ellen White, Racista?

Ellen G. White tem sido acusada, por alguns críticos, de racismo, de acordo com textos citados neste artigo. Estes textos, pretensamente, mostrariam que a autora desaprovava o casamento entre negros e brancos e mesmo excluía os negros de papéis de liderança entre os crentes de então. Antes de qualquer aprofundamento no tema, deve-se saber o que a acusada realmente pensava sobre o tema, para então chegar-se às finais conclusões:


"Trabalho com os Negros

"Há neste país um vasto campo não trabalhado. Os negros, numerando milhares de milhares, devem merecer a consideração e simpatia de todo verdadeiro e ativo crente em Cristo. Esse povo não vive em algum país estrangeiro, e não se prostram ante ídolos de pau e de pedra. Vivem entre nós, e repetidamente, mediante os testemunhos de Seu Espírito, Deus chamou nossa atenção para eles, dizendo-nos que aí se acham seres humanos negligenciados. Esse vasto campo está perante nós por trabalhar, pedindo a luz que Deus nos confiou. Testimonies, vol. 8, pág. 205.

"Muros de separação têm sido construídos entre os brancos e os negros [a autora relata um fato corrente]. Esses muros de preconceito ruirão por si mesmos, como aconteceu com os muros de Jericó, quando os cristãos obedecem à Palavra de Deus, que lhes ordena o supremo amor ao Seu Criador e amor imparcial ao próximo. ... Que toda igreja cujos membros professem crer na verdade para este tempo, olhe para essa raça negligenciada e oprimida, que em resultado da escravidão [este conceito será muito importante para a interpretação dos textos ulteriores] foi privada do privilégio de pensar e agir por si mesmos. Review and Herald, 17 de dezembro de 1895.

"Empenhemo-nos em fazer uma obra pelo povo do Sul. Não nos contentemos com simplesmente ficar a contemplar, tomando meras resoluções que nunca se cumprem; mas façamos de coração alguma coisa para o Senhor, para aliviar a miséria de nossos irmãos negros. Review and Herald, 4 de fevereiro de 1896.

"O nome do negro está escrito no livro da vida, junto do nome do branco [acusar Ellen G. White de racismo só pode ser considerado uma calúnia criminosa!]. Todos são um em Cristo. O nascimento, a posição, nacionalidade ou cor não podem elevar nem degradar os homens [!!!!]. O caráter é que faz o homem. Se um pele-vermelha, um chinês ou africano rende o coração a Deus em obediência e fé, Jesus não o ama menos por causa de sua cor. Chama-lhe Seu irmão muito amado. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Vem o dia em que os reis e os senhores da Terra teriam prazer em trocar lugares com o mais humilde africano que lançou mão da esperança do evangelho. The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891.

"Deus cuida não menos das almas da raça africana que possam ser ganhas para servi-Lo, do que cuidou de Israel. Ele requer muito mais de Seu povo do que este Lhe tem dado em trabalho missionário entre o povo do Sul de todas as classes, e especialmente a raça de cor. Não estamos nós sob obrigação mesmo maior de trabalhar pelo povo de cor, do que por aqueles que têm sido mais altamente favorecidos? Quem foi que manteve esse povo em servidão? Quem os conservou em ignorância? ... Se a raça se degradou, se são repulsivos nos hábitos e maneiras, quem os fez assim? Não lhes deve muito a gente branca? Depois de tão grande injustiça lhes haver sido feita, não se deveria fazer sério esforço por erguê-los? A verdade tem de ser-lhes levada, eles têm alma a ser salva, assim como nós. The Southern Work, págs. 11 e 12, escrito em 20 de março de 1891."

Os textos abaixo estavam em uma das (muitíssimas) versões anteriores do artigo "Ellen White" na "Weak"pédia:

Racismo com Negros

  • Casamentos entre negros e brancos
"...há uma objeção ao casamento de brancos com negros. Todos devem considerar que não têm o direito de trazer a sua prole aquilo que a coloca em desvantagem; não têm o direito de lhe dar como patrimônio hereditário uma condição que os sujeitaria a uma vida de humilhação. Os filhos desses casamentos mistos têm um sentimento de amargura para com os pais [note-se que a autora relatava um fato presente, e não uma possibilidade futura] que lhes deram essa herança para toda a vida. Por essa razão, caso não houvesse outras, não deveria haver casamentos entre brancos e negros... [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
"...quanto à conveniência de casamento entre jovens cristãos brancos e negros, o esclarecimento que me foi dado da parte do Senhor foi que esse passo não devia ser dado; pois não é certo criar discussão e confusão [aqui a autora mostra claramente quais são as implicações: discussão e confusão. Não deixa, de forma alguma, entender que o motivo é a inferioridade da raça negra]. Tenho tido sempre o mesmo conselho a dar. Nenhuma animação deve ser dada a casamentos dessa espécie entre nosso povo. Que o irmão negro se case com uma irmã negra que seja digna, que ame a Deus e guarde os Seus mandamentos. Que a irmã branca que pensa em unir-se em casamento a um irmão negro se recuse a dar tal passo, pois o Senhor não está dirigindo nessa direção. Mensagens Escolhidas Págs. 343 e 344 (1912) [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
  • Negros na liderança da obra Adventista nos EUA
"As pessoas de cor não devem pressionar para serem colocados em igualdade com os brancos." [o texto original se refere ao trabalho nas cidades do sul, onde existia um forte preconceito contra os irmãos da raça negra. Esta citação é, falaciosamente, retirada de todo um contexto para servir a propósitos anti-White muito simplórios e fracos] - Testimonies for the Church Volume Nine, page 214, paragraph 3.
"Oportunidades estão sempre aparecendo nos Estados do Sul, e muitos homens de cor são chamados ao trabalho. Mas, por muitas razões, os brancos devem ser escolhidos como líderes [note-se o contexto]. Todos nós somos membros de um corpo que é completo unicamente em Jesus Cristo, que vai elevar seu povo do baixo nível que o pecado degradou e então serão colocados onde devem ser reconhecido nas cortes celestiais como trabalhadores juntos a Deus." Testimonies for the Church Volume Nine, page 202 [itálicos do editor Abviana, da Wikipédia].
Neste recorte da Wikipédia, os textos em itálico são do editor anti-adventismo Abviana. Os comentários entre colchetes e os demais grifos são deste blog.

Considerações e conclusões:

À luz dos primeiros textos (propositalmente omitidos na "Weak"pédia) e também das circunstâncias em que a autora redigiu os últimos, pode-se ver que os seus conselhos visavam proteger os irmãos negros de discriminação e contrafação, sobretudo nos estados do sul, onde o racismo foi muito mais intenso.

Visitei Atlanta, capital do estado da Geórgia (EUA), alguns anos atrás. É impressionante saber que apenas a área hoje conhecida como "underground" foi o que restou da cidade durante a guerra civil. E os negros estavam no centro da ideologia motivadora da guerra. O racismo sempre foi intenso nos Estados Unidos (veja a "KKK"- Klu Klux Klan) e, certamente, no período em que vivia a autora, as situações em detrimento dos negros eram, decididamente, muito piores do que as de hoje.

Como retratado nos anais e pincelado nos trechos do livro Serviço Cristão, os negros foram, graças à escravidão dos brancos, privados de educação, cultura e recursos essenciais ao seu desenvolvimento como classe dentro da sociedade americana. Naquela ocasião, naquele espaço geográfico, é inegável concluirmos que eles possuíam inúmeras deficiências em relação a classe branca. Dentre estas deficiências, a principal era sua aceitação como pessoas iguais por parte da classe branca. Isto diminuiria sua eficácia no trabalho missionário entre os brancos do sul. Deixe-se muito claro que isto ocorria por causa do cerceamento de seus direitos pela escravatura e, obviamente, não por causa de sua etnia. Este é o pensamento que White possuía ao aconselhar que brancos liderassem o trabalho missionário na ocasião, que são óbvios no contexto textual e foram, propositalmente, omitido pelos críticos da autora.

Entretanto, nenhuma destas reflexões pode, com efeito, defender melhor a autora das falaciosas acusações de racismo do que o próprio texto da mesma, já exposto acima.

Como se pode ver, os textos incluídos na Wikipédia foram, antes de qualquer coisa, criminosos. A personalidade espúria que se deteve no trabalho de pesquisar textos que acusavam a autora de racismo certamente encontrou textos que, se ao menos lidos, contrafariam a idéia.

Muitos são os engodos que são apresentados nas grandes mídias para, se possível, enganar os próprios eleitos.

Mc 13:33 "Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo."

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Agradecimento aos leitores

Faço esta postagem para agradecer às dezenas de leitores que têm acessado este blog, seja com freqüência ou esporadicamente. São oito países - a maioria de língua portuguesa - que, até agora, originaram os hits neste blog:

Brasil - obrigado!
Portugal - obrigado!
Angola - obrigado!
Argentina - muchas gracias!
Cabo Verde - obrigado!
Moçambique - obrigado!
Espanha (España) - muchas gracias!
Estados Unidos (United States of America) - Thanks!

A todos, o meu agradecimento e votos de muita verdade em suas vidas.

Alex

Álcool e Saúde: Episódio I

Esta matéria é de Roni Caryn Rabin Do 'New York Times', divulgada no site do G1. Você pode conferi-la em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1203333-5603,00.html. O texto foi transcrito na íntegra e, deixe-se claro, os créditos são do autor citado. Os comentários do blogueiro estão entre colchetes e os grifos foram acrescentados.

___________________________________________________________________

Álcool em moderação faz bem? Muitos especialistas duvidam

Estudos apontam efeito benéfico estão cheios de falhas metodológicas.
Pesquisadores temem expor pessoas a riscos em testes controlados.

Até agora, trata-se de uma ladainha familiar: vários estudos sugerem que o álcool, se consumido com moderação, pode promover a saúde cardíaca e até mesmo prevenir a diabetes e a demência. São tantas evidências que alguns especialistas consideram o consumo moderado da bebida – cerca de uma dose por dia para mulheres, duas para os homens – um componente central de um estilo de vida saudável. Porém, e se tudo isso for um grande engano?

Para alguns cientistas, essa pergunta nunca vai embora. Nenhum estudo, afirmam os críticos, jamais provou uma relação causal entre o consumo moderado de álcool e a diminuição no risco de morte – somente que os dois elementos geralmente estão juntos. Pode ser que o consumo moderado de álcool seja apenas algo que as pessoas saudáveis tendem a fazer, não algo que as torna saudáveis.

"Quem bebe moderadamente tende a fazer tudo certo – eles se exercitam, não fumam, comem bem e bebem moderadamente", disse Kaye Middleton Fillmore, sociólogo aposentado da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que criticou a pesquisa. "É muito difícil desmembrar todos esses fatores, e este é o verdadeiro problema."

Alguns pesquisadores afirmam estarem assombrados pelos erros cometidos em estudos sobre terapia de reposição hormonal, que foi amplamente prescrita por anos com base em estudos observacionais similares àqueles sobre o álcool. Perguntas também foram levantadas em relação às relações financeiras que brotaram entre a indústria de bebidas alcoólicas e muitos centros acadêmicos, que aceitaram dinheiro da indústria para o pagamento de pesquisas, treinamento de estudantes e promoção das descobertas.

Nem um único estudo
"O fato é que não houve um estudo sequer realizado sobre o consumo de álcool e os resultados de mortalidade que seja um 'padrão de ouro' – o tipo de testes clínicos controlados e randômicos que seriam exigidos para aprovar um novo agente farmacêutico neste país", disse Dr. Tim Naimi, epidemiologista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

Até mesmos ávidos defensores do consumo moderado de bebida alcoólica suavizam suas recomendações com alertas sobre os perigos do álcool, que tem sido atrelado a câncer de mama e pode levar a acidentes, mesmo se consumido em pequenas quantidades, além de estar relacionado a doenças do fígado, câncer, problemas cardíacos e derrames, se consumido em grandes quantidades.

"É muito difícil formar uma mensagem única, pois uma coisa não serve para todos aqui, e a mensagem de saúde pública tem de ser bastante conservadora", disse Dr. Arthur L. Klatsky, cardiologista em Oakland, Califórnia, autor de um estudo significativo no começo da década de 1970 que descobriu que membros da Kaiser Permanente (a maior organização nos Estados Unidos para serviços de saúde abrangentes) que bebiam com moderação tinham menos probabilidade de serem hospitalizados devido a ataques cardíacos, em comparação aos abstêmios. Desde então, ele tem recebido bolsas de pesquisa financiadas por uma fundação da indústria de bebidas alcoólicas, apesar de observar que pelo menos um de seus estudos descobriu que o álcool aumenta o risco de hipertensão.

"Pessoas que não conseguem parar em uma ou duas doses por dia não deveriam beber. Aquelas com doenças no fígado também não devem beber", disse Klatsky. Por outro lado, "o homem de 50 ou 60 e poucos anos que tem um ataque cardíaco e decide se recuperar, abrindo mão de sua taça de vinho à noite – essa pessoa estaria melhor se fosse um consumidor moderado de álcool".

Cautela
Organizações de saúde têm expressado suas recomendações com cautela. A Associação Americana do Coração afirma que as pessoas não deveriam começar a beber para se proteger de doenças cardíacas. As diretrizes de dieta dos Estados Unidos, de 2005, afirmam que "o álcool pode ter efeitos benéficos quando consumido com moderação".

Essa associação foi feita pela primeira vez no começo do século 20. Em 1924, um biólogo da Johns Hopkins, Raymond Pearl, publicou um gráfico com uma curva em forma de "U", suas pontas em ambos os lados representando os maiores índices de morte de bebedores frequentes e abstêmios; no meio, estavam os bebedores moderados, com os menores índices. Dezenas de outros estudos observacionais replicaram essas descobertas, particularmente em relação a doenças cardíacas.

"Com exceção do fumo e do câncer de pulmão, essa é provavelmente a associação mais estabelecida no campo da nutrição", disse Eric Rimm, professor associado de epidemiologia e nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard. "Existem provavelmente pelo menos cem estudos até agora, e o número cresce a cada mês. Isso faz o tema ser único."

Acredita-se [é diferente de sabe-se] que o álcool reduza as doenças coronarianas, pois, conforme se descobriu, ele aumenta o colesterol "bom", HDL, e tem efeitos anticoagulantes. Outros benefícios também têm sido sugeridos. Um pequeno estudo na China descobriu que pacientes mais velhos com deficiência cognitiva que bebem com moderação não se deterioram tão rapidamente quanto abstêmios. Um relatório do Framingham Offspring Study descobriu que consumidores moderados de álcool tiveram maior densidade mineral do em seus ossos da bacia do que abstêmios. Pesquisadores relataram que consumidores moderados têm menos probabilidade, em relação aos abstêmios, de desenvolver diabetes. Aqueles indivíduos com diabetes tipo 2 que bebem levemente têm menos tendência a desenvolver doenças coronarianas.

Quem são os abstêmios?
No entanto, os estudos que comparam bebedores moderados com abstêmios têm sido criticados nos últimos anos. Os críticos questionam: Quem são esses abstêmios? Por que eles evitam o álcool? Existe algo que os deixa mais suscetíveis a doenças cardíacas?

Alguns pesquisadores suspeitam que o grupo de abstêmios pode incluir "ex-bebedores doentes", ou seja, pessoas que pararam de beber por causa de alguma doença cardíaca. As pessoas também tendem a reduzir o consumo de bebida à medida que envelhecem, o que faria do abstêmio padrão uma pessoa de mais idade – e presumivelmente mais suscetível a doenças – em relação à pessoa que bebe com moderação.

Em 2006, pouco depois que Fillmore e colegas publicaram uma análise crítica afirmando que grande parte dos estudos sobre o álcool revisados por eles tinha falhas, Dr. R. Curtis Ellison, médico da Universidade de Boston, defensor dos benefícios do álcool, fez uma conferência sobre o tema. Um resumo da conferência, publicado um ano depois, dizia que os cientistas haviam chegado a um "consenso" de que o consumo moderado de álcool "mostrou ter efeitos predominantemente benéficos à saúde".

O encontro, como grande parte do trabalho de Ellison, foi parcialmente financiado por bolsas concedidas pela indústria. O resumo foi escrito por ele e Marjana Martinic, vice-presidente sênior do Centro Internacional para Políticas do Álcool, um grupo sem fins lucrativos apoiado pela indústria. O centro pagou por dez mil cópias do resumo, incluídos em páginas avulsas gratuitas em duas publicações médicas, "The American Journal of Medicine" e "The American Journal of Cardiology".

Independência?
Em entrevista, Ellison afirmou que sua relação com a indústria não influencia seu trabalho, acrescentando que "ninguém olharia nossas críticas se não apresentássemos uma visão equilibrada". Fillmore e os co-autores de sua análise postaram um comentário online afirmando que o resumo embelezou algumas das divisões profundas que polarizaram o debate na conferência. "Também questionamos as conclusões de Ellison e Martinic de que o consumo mais frequente de bebida alcoólica é o maior indicador de benefícios à saúde", escreveram eles.

Fillmore recebeu apoio da Fundação de Educação e Reabilitação do Álcool da Austrália, um grupo sem fins lucrativos que trabalha para prevenir o abuso de álcool e outras substâncias. Ellison disse que a análise de Fillmore ignorou novos estudos que corrigiam os erros metodológicos de trabalhos anteriores. "Ela acabou dispensando o essencial", disse ele.

Enquanto isso, duas questões centrais permanecem sem solução: se abstêmios e consumidores moderados de álcool são fundamentalmente diferentes e, se forem, se são essas diferenças que fazem com que eles vivam mais, em vez de seu consumo alcoólico.

Naimi, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que elaborou um estudo observando as características de consumidores moderados de álcool e abstêmios, afirma que os dois grupos são tão diferentes que simplesmente não podem ser comparados. Pessoas que bebem com moderação são mais saudáveis, mais ricas e mais instruídas, inclusive recebem melhor assistência médica, apesar de terem mais probabilidade de fumar. Eles têm até mais tendência a ter todos os dentes da boca, um sinal de bem-estar.

"Pessoas que bebem moderadamente tendem a ser socialmente avantajadas de formas que não têm nada a ver com seu consumo de álcool", disse Naimi. "Esses dois grupos são como bananas e maçãs". Simplesmente aconselhar as pessoas que não bebem a beber não vai mudar isso, disse ele.

Teste controlado
Alguns cientistas afirmam que chegou a hora de realizar um grande teste clínico controlado e randômico, a longo prazo, como aqueles para as novas drogas. Uma abordagem pode ser recrutar um grande grupo de abstêmios que seriam randomicamente orientados a tomar uma dose diária de álcool ou se abster, e então eles seriam acompanhados por vários anos. Outra abordagem seria recrutar pessoas com risco de desenvolver doenças coronarianas.

Entretanto, até os especialistas que acreditam nos benefícios à saúde de álcool afirmam que essa é uma ideia pouco plausível. Grandes testes randômicos são caros, e eles podem não ter credibilidade, a não ser que sejam financiados pelo governo, que provavelmente não assumiria essa tarefa controversa [então, a questão de o álcool ser bom para a saúde não é tão "unânime" assim, não é?]. Existem problemas práticos e éticos em dar álcool a abstêmios sem deixá-los conscientes disso e sem contribuir para acidentes.

Ainda assim, alguns pequenos testes clínicos já estão a caminho, a fim de verificar se diabéticos podem reduzir seu risco de doenças cardíacas ao consumir álcool. Em Boston, pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center estão recrutando voluntários com 55 anos ou mais com risco de doenças cardíacas e orientando-os randomicamente a beber limonada pura ou limonada com um pouco de álcool de cereal, enquanto cientistas monitoram seus níveis de colesterol e examinam suas artérias.

Em Israel, pesquisadores deram a indivíduos com diabetes tipo 2 vinho ou cerveja sem álcool. Eles descobriram que os que beberam vinho tiveram quedas significativas no nível de açúcar no sangue, apesar de somente após o jejum. Os cientistas israelenses estão agora trabalhando com uma equipe internacional para iniciar um amplo teste, com dois anos de duração.

"A última coisa que queremos, como pesquisadores e médicos, é expor pessoas a algo que possa prejudicá-las. É esse medo que nos impediu de fazer os testes", disse Dr. Sei Lee, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que recentemente propôs uma ampla pesquisa sobre álcool e saúde. "Porém, essa é uma questão realmente importante", ele continuou. "Porque aqui temos uma substância prontamente disponível e amplamente consumida que pode, na verdade, ter um significativo benefício à saúde – mas não sabemos o suficiente para fazer recomendações."

Comentário do blogueiro: todos sabem (apenas alguns não admitem) que estas pesquisas são apenas "bengalas" para desculpar o consumo do álcool, principalmente em uma de suas formas viciosas mais perigosas: o "beber socialmente".

Não conheço ninguém que consuma álcool como remédio. Agora, conheço dúzias que consomem e tentam aliviar a consciência dizendo que faz bem para a saúde.

É muito provável que o álcool traga algum benefício para um determinado aspecto da saúde mas, a saúde deve ser analisada como um todo. O fato de aumentar o "bom colesterol" e diminuir a coagulação do sangue não é suficiente para se afirmar que seu consumo seja desejável ou saudável. E os malefícios? E o risco de câncer? E os demais problemas sociais advindos do consumo de álcool?

Caro leitor, pense: podem morrer mais pessoas do coração por não consumirem álcool, do que morrem pessoas em virtude do consumo da mesma substância? Em outras palavras: veja as mortes no trânsito, as cirroses, mortes por brigas e desentendimentos que o álcool ocasiona, a abertura de uma porta para outros tipos de drogas, o alcoolismo na infância e na adolescência e responda: mesmo que realmente o álcool tivesse todos os benefícios que se alega, valeria a pena?

Considere o quanto custa o consumo de álcool para a previdência social, quantas pessoas são hospitalizadas em virtude do consumo da bebida. Quanta ineficiência no trabalho é gerada pelo mesmo motivo. Quanto os produtos que você compra poderiam ser mais baratos em virtude da carga social-tributária menor e do aumento da eficiência do produtor.

Veja os índices de violência que despencam nas cidades que adotaram a "lei seca" a partir das 10:00h da noite. Mais uma vez pergunto: vale a pena?