quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Darwin e os Irmãos Wright

Cada vez que, ao assistir a algum programa de TV que tratava sobre a história da aviação, ficava revoltado. Além de não mencionar o legítimo inventor brasileiro, Alberto Santos Dumont, a mídia americana dá todo o crédito da invenção dos aparelhos voadores mais pesados que o ar aos irmãos Wright.

Todo mundo sabe que o aparelho dos Wright não voava por sua própria potência, e as pessoas que o "testemunharam" voando não possuiam qualificações técnicas ou científicas. Situação totalmente diversa ocorreu com o brasileiro, que voou graciosamente sobre a França com seu engenho, aos olhos de milhares de pessoas, algumas das quais engenheiros e cientistas.

Todavia, nas aulas de história dos Estados Unidos, lá estão eles: incólumes, louváveis, poderosos e arrogantes - os irmãos Wright.

O mesmo sentimento me toma quando vejo os absurdos retratados na mídia brasileira a respeito de Darwin e a teoria da Evolução. O endeusamento do naturalista britânico, principalmente nestas épocas de comemoração do bicentenário de seu nascimento, traz em seu cortejo uma enxurrada de meias-verdades e mentiras abertas, contadas por uma trupe despudorada que insiste em sacrificar a racionalidade - supostamente por eles defendida - aos pés do acaso.

Assim como no caso dos irmãos Wright, muitas vezes só tenho que lamentar a vastidão das mentiras dos devotos de São Darwin, e o povo que "perece por falta de conhecimento"¹. Realmente, a "verdade anda tropeçando pelas praças"².

¹Os 4:6
² Is 59:14

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Heróis Bilionários

Lembro do milionário Bruce Wayne (alter-ego de Batman) no seriado clássico da década de 60, com seu porte pouco atlético e suas bugigangas inusitadas sacadas do cinto de utilidades. Hoje, Batman (O Cavaleiro das Trevas) é bilionário. Os produtores entenderam que um simples milionário não teria "café no bule" para andar por aí com maravilhas de todas as engenharias e morar numa caverna mais equipada que o Pentágono.

Gastei algum tempo da minha adolescência assistindo e desenhando Homem-Aranha, X-Men, Batman, Super Homem, Liga da Justiça e uma infinidade de animes.

Comecei a refletir um pouco sobre minhas diversões quando assisti, uns quatro anos atrás, a um documentário do Discovery com Stan Lee, o criador do Homem-Aranha dos X-Men e alguns outros. Minha reflexão aumentou muito mais após ler o livro "Nos Bastidores da Mídia", de Michelson Borges.

No documentário, Lee, dentre outras coisas, disse que seus personagens foram criados para estabelecer identidade com um público específico.

Os X-Men, por exemplo, são mutantes odiados pela população, mas donos de poderes incríveis que os tornam muito especiais (e muito superiores) em relação aos humanos que tanto os abominam. A intenção de Lee, segundo ele próprio, era de que as minorias que se sentiam discriminadas como os negros, imigrantes, gays, nerds e outros se identificassem com os personagens. Eles se tornariam, então, os maiores admiradores dos heróis.

No jornal Valor Econômico de quarta-feira, 28 de janeiro, existe uma página inteira sobre Stan Lee e seus Heróis. Quem conhece o jornal sabe do tamanho de suas páginas. Lá encontrei algumas coisas bastante interessantes:

Stan Lee tem 86 anos, e seus personagens já deixaram de ser milionários, assim como Bruce Wayne (que não é personagem de Lee), para se tornarem bilionários. Mas neste caso, bilionários de verdade.

A trilogia do atirador de teias já rendeu mais de dois bilhões e meio de dólares para Hollywood. Homem de Ferro tem um orçamento estimado de US$ 186 milhões. A estréia do Incrível Hulk, no primeiro fim-de-semana, rendeu mais de US$ 55 milhões.

A Marvel tem feito bilheterias da ordem das centenas de milhões de dólares com Hulk (2 filmes), Quarteto Fantástico (2 filmes), X-Men (3 filmes e mais um a caminho), Homem de ferro (1 filme e mais um "saindo") e Homem Aranha (3 filmes).

Agora, Stan Lee, longe de desejar se aposentar, deseja criar novos personagens diretamente para TV e cinema. A idéia é deixar de lado os quadrinhos - em franca decadência - e partir para a mídia mais rentável, que também inclui a internet e a reprodução em aparelhos móveis.

O que mais chama a atenção, no entanto, são os novos personagens. Os conceitos estão mudando, e Stan Lee firmou um contrato com o canal de TV pago Showtime para criar uma série com um super-herói gay. Outras "modernidades" estarão bem mais latentes também.

A Marvel viu que os filmes rodados em cima de seus personagens eram rentáveis demais para serem franqueados a apenas 5% da bilheteria. Por isso, tomou um empréstimo de mais de meio bilhão de dólares e criou sua própria produtora de cinema. O Homem de Ferro já é fruto da nova companhia. Novos filmes estão chegando... Thor, Capitão América, Vingadores...

Longe de serem modelos inspiradores (como afirmado no filme Homem-Aranha), os super-heróis estão cada vez mais revelados, mais disputados, mais ricos, mais bilionários, mais loucos, mais homossexuais. E menos heróis.