LONDRES (Reuters) - O álcool é uma droga mais perigosa do que o crack e a heroína, quando são levados em conta os danos causados aos usuários e a terceiros, disseram cientistas britânicos nesta segunda-feira.
Apresentando uma nova escala relacionada aos danos para os usuários e para a sociedade, o álcool aparece como a droga mais nociva, quase três vezes mais perniciosa do que a cocaína e o tabaco.
Segundo essa escala, a heroína e o crack são a segunda e a terceira drogas mais nocivas.
David Nutt, presidente do Comitê Científico Independente para Drogas da Grã-Bretanha, que participou do trabalho publicado na revista Lancet, disse que as conclusões mostram que "tratar agressivamente os danos do álcool é uma estratégia válida e necessária de saúde pública".
Ele afirmou também que a nova escala mostra que as classificações dadas às drogas têm pouca relação com os danos causados.
O álcool e o tabaco, por exemplo, são legais para os adultos na maioria dos países, enquanto drogas como ecstasy, maconha e LSD costumam ser ilegais.
"É intrigante notar que as duas drogas legais avaliadas -- álcool e tabaco -- aparecem no segmento superior do ranking, indicando que as drogas legais causam pelo menos tanto dano quanto as substâncias ilegais", disse Nutt em nota.
Há um ano, o pesquisador foi obrigado a deixar a direção do influente Conselho Consultivo sobre o Abuso de Drogas por ter criticado ministros por ignorarem as evidências científicas de que a maconha faz menos mal que o álcool.
A Organização Mundial da Saúde estima que os riscos associados ao álcool -- acidentes, doenças do coração e fígado, suicídios e câncer -- causem 2,5 milhões de mortes por ano, ou 3,8 por cento do total. Seria o terceiro principal fator de risco para mortes prematuras e incapacitações em nível global.
Na nova escala, os danos para o usuário incluem mortes causadas direta ou indiretamente pelas drogas, além de dependência e perda de relacionamentos. Os danos para os demais incluem criminalidade, dano ambiental, conflitos familiares, danos internacionais, custos econômicos e prejuízos à coesão comunitária.
Numa escala de 0 a 100, o álcool aparece com 72 pontos, seguido pela heroína (55) e o crack (54). Algumas outras drogas avaliadas foram as metanfetaminas (33), cocaína (27), tabaco (26), anfetaminas (23), maconha (20), benzodiazepinoicos (como Valium) (15), ketamina (15), metadona (14), mefedrona (13), ecstasy (9), esteroides anabolizantes (9), LSD (7) e cogumelos alucinógenos (5).
Nota: Tenho certeza de que esta pesquisa não terá nem a décima parte da repercussão e da mídia do que aquela outra pesquisa, nada desinteressada (como já exposto, ateriormente, por este blog), que alardeava os benefícios cardíacos do consumo de álcool. Mas a verdade exposta pela pesquisa é crua e estarrecedora! Ninguém tem dúvidas da devastação que as drogas ilegais estão causando na sociedade. O que chama a atenção é que as drogas legalizadas são mais prejudiciais do que muitas ilegais - algo que as pessoas mais cônscias já sabiam, por raciocínio e empirismo - e são amplamente divulgadas pela mídia. O tabagismo, tão condenado no nosso meio "politicamente correto", acaba ficando bastante atrás do álcool na lista de nocividade, embora as leis e campanhas de conscientização para o último sejam bem mais brandas. É a fome hedonista da modernidade alimentando a ganância de uma indústria bilionária.
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