Do site da BBC
Fundamentalmente falando, os humanos ão bons ou maus? É uma questão que tem sido feita repetidamente pela humanidade. Por milhares de anos, filósofos têm debatido se nós temos uma natureza basicamente boa que é corrompida pela sociedade ou uma má natureza que é mantida "na linha" por aquela. A psicologia tem descoberto evidências que podem dar uma reviravolta no velho debate.
Uma forma de perguntar sobre nossas características mais fundamentais é olhar para os bebês. A mente dos bebês é uma demonstração da natureza humana. Bebês são humanos com o mínimo de influência cultural - eles não têm muitos amigos, nunca foram à escola nem leram nenhum livro. Eles não podem nem mesmo controlar seus intestinos, e muito menos falar a nossa língua, então suas mentes são o mais inocentes que uma mente humana pode ser.
O único problema é que a falta de linguagem torna difícil medir suas opiniões. Normalmente nós convidamos as pessoas a participarem de experimentos, dando-lhes instruções ou fazendo-lhes perguntas, e ambas as situações requerem linguagem. Bebês podem ser mais bonitinhos para se trabalhar, mas eles não são reconhecidos por sua obediência. O que faria um psicólogo curioso?
Felizmente, você não precisa necessariamente falar para revelar suas opiniões. Bebês procuram coisas que eles querem ou gostam, e eles tendem a olhar por mais tempo para coisas que os surpreendem. Experimentos engenhosos feitos pela Universidade Yale nos EUA usaram estas medidas para olhar para as mentes dos bebês. Os seus resultados sugerem que mesmo os humanos mais jovens têm um senso de certo e errado e, ainda mais, um instinto de preferir o bem ao invés do mal.
Como podem os experimentos indicar isto? Imagine que você é um bebê. Desde que você tem pouca capacidade de atenção, o experimento será mais curto e mais divertido que a maior parte dos experimentos psicológicos. É basicamente um show de bonecos; o palco é uma cena mostrando uma colina verde brilhante, e os bonecos são formas recortadas disformemente; um triângulo, um quadrado e um círculo, cada um nas suas cores brilhantes. O que acontece depois é uma encenação rápida, quando uma das formas tenta subir a colina, com dificuldade e caindo novamente ladeira abaixo. Então, as duas outras formas são envolvidas, com uma ajudando a escaladora a subir a colina, empurrando-a de trás, ou a outra dificultando a escaladora, por empurrá-la de cima para baixo.
Ainda algo maravilhoso, psicologicamente, está acontecendo ali. Todos os humanos são capazes de interpretar os eventos na peça em termos da história que eu [repórter] descrevi. Os bonecos são apenas formas. Eles não fazem sons humanos ou mostram emoções. Eles apenas se movem, e qualquer um ainda continua vendo propósito nestes movimentos, e a revelação do seu caráter. Você pode afirmar que esta "leitura mental", mesmo em crianças, mostra que é parte da nossa natureza humana acreditar em outras mentes.
Grandes expectativas
O que acontece então nos mostra ainda mais sobre a natureza humana. Após o show, as crianças tiveram a escolha de pegar ou a forma ajudante ou a forma dificultadora, e tenderam muito mais a alcançar a forma ajudadora. Isto poderia ser explicado se eles estivessem lendo os eventos em termos de motivações - as formas não apenas se moveriam randomicamente, mas elas mostrariam à criança que a forma que empurra pra cima da colina "deseja" ajudar (e isto é bom) e a forma que empurra para baixo "deseja" causar problemas (e isto é perverso).
E os pesquisadores usaram uma repetição para confirmar estes resultados. As crianças viram uma segunda cena na qual a forma escaladora faz uma escolha de mover ao redor da forma ajudadora ou da forma dificultadora. O tempo que as crianças gastaram olhando para cada um dos casos revelou o que eles pensam sobre o resultado. Se a escaladora se movia próximo à forma dificultadora, as crianças olhavam significativamente mais tempo do que quando a forma se movia para perto da auxiliadora. Isto faria sentido se as crianças se surpreendessem quando o a escaladora se aproxima da dificultadora. Movendo-se para próximo da forma auxiliadora pode ser o final feliz e, obviamente, seria o que a criança esperava. Se a escaladora se move para a dificultadora, isto é uma surpresa, tanto quanto você ou eu poderíamos nos surpreender ao ver alguém dando um abraço em um homem que acabara de lhe bater.
O caminho para que estes resultados façam sentido é se as crianças tivessem em seus cérebros pré-culturais expectativas sobre como as pessoas devessem agir. Não apenas elas interpretaram o movimento das formas como resultante de suas motivações, mas elas preferiram as motivações de ajuda às de dificuldade.
Isto não resolve o debate sobre a natureza humana. Um cínico poderia dizer que isto apenas mostra que as crianças são egoístas e esperam que os outros o sejam também. No mínimo, isto mostra que firmemente ligado à natureza de nossas mentes em desenvolvimento está a habilidade de dar sentido ao mundo em termos de motivações, e um instinto básico de preferir as intenções amigáveis às maliciosas. É nesse fundamento que a moralidade adulta é construída.
Nota do blog: Este experimento mostrou a natureza do conflito que existe dentro do ser humano. Ambas as visões apresentadas na reportagem estão corretas, de acordo com a Bíblia, e não são opostas, mas surpreendentemente complementares. A Bíblia afirma que "não há quem faça o bem, nenhum sequer" (Rm 3:12) e que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3:23), e que o "coração do homem é enganoso e desesperadamente corrupto" (Jr 17:9). Ao mesmo tempo, Deus colocou "inimizade entre o homem e a serpente [Satanás, pai da mentira e origem do mal]" (Gn 3:15) e a "eternidade no coração do homem" (Ec 3:11). Sendo assim, temos uma natureza corrompida mas que não se sacia com o mal; que, embora seja má, busca o bem e não encontra a paz no meio da iniquidade. O que experimento científico algum tem capacidade de mostrar é onde está a Solução, tampouco como alcançá-la. Esta tarefa é atribuição única e exclusiva da do Espírito Santo através de Suas ferramentas - a Bíblia, a natureza, a consciência e a Providência. Que Deus nos ajude a termos "um novo coração" (Sl 51).
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