Nas páginas amarelas da edição de 23 de dezembro de 2009 da Revista Veja encontrei uma reportagem interessantíssima com o cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg, de 44 anos. Ele é, segundo a revista, um dos mais respeitados entre os pesquisadores céticos em relação aos efeitos catastróficos do aquecimento global.
Este cientista, comentando sobre o escandaloso caso dos e-mails que retém argumentos contra a causa humana para o aquecimento global, diz que “havia uma inclinação evidente para não compartilhar dados com pesquisadores cujos trabalhos não reforçariam a teoria do aquecimento global. Possivelmente os dados foram mascarados [...]”. O cientista, ao contrário do que seria esperado, não acusa os envolvidos ou superlativa estes fatos, mostrando uma posição bastante sóbria. Até aqui nenhuma novidade, mas prossigamos:
“O que eles fizeram é muito sério e perturbador. Esses cientistas formam uma máfia que se apossou da questão do clima. Tive muitos problemas com essa máfia do clima. Quando estava escrevendo meu livro, tentei me corresponder com alguns daqueles pesquisadores que detinham dados pelos quais eu tinha interesse. Recebi de volta algumas mensagens em cujo campo de destinatário eu fui incluído por engano. Foram mensagens reveladoras. Elas diziam: ‘Esse homem é perigoso. Não forneçam nenhum dado a ele. Devemos ter cuidado em não deixar que nossas informações apareçam em pesquisas públicas’”.
Questionado pela revista em relação à atribuição da responsabilidade pelo aquecimento global à ação humana, pelo IPCC, o cientista prossegue: “[...] Se a maior parte dos cientistas diz que algo provavelmente vai acontecer, temos de agir de acordo com essa informação. O que não significa que não se deva garantir financiamento às pessoas que trabalham para descobrir erros nessa proposição. Deveríamos gastar dinheiro com as pesquisas dos céticos justamente para aperfeiçoar a informação que tem dominado os debates”.
A reportagem continua e, infelizmente, Lomborg parece acreditar que os problemas da humanidade se solucionariam completamente com o enriquecimento da população. Mas o que quero chamar a atenção aqui é o seguinte:
A população em geral, incluindo as classes mais educadas e abastadas, tende, via de regra, a dar um crédito aos cientistas mais do que estes mereceriam. Nos filmes, os cientistas deixaram de ser os vilões para se tornarem os salvadores da humanidade. Veja Lex Luthor (das histórias do Super Homem), que continua sendo vilão, mas décadas atrás era um cientista maluco e hoje se tornou mega-empresário ultra-capitalista. Nos últimos grandes sucessos de bilheteria, os cientistas são os mocinhos ou, ao menos, seus colaboradores (veja Independence Day, Twister, O Dia Depois de Amanhã, Hulk, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, etc). Realmente, parece que a mídia e a população em geral confundem a ciência com os ditos dos cientistas. É um grande equívoco!
O que Lomborg mostrou, em adição ao que a imprensa já vem comentando nos últimos dias, é que os cientistas são tão falhos como quaisquer outros mortais (deveria ser óbvio, mas, infelizmente, não é o que a grande mídia tem se esforçado em propagar!). Eles são tão suscetíveis à inveja, ciúme, cobiça, interesses e medos quanto eu e você. E, neste ciclo, podem – assim como as demais classes – sacrificar a verdade e os princípios em prol dos seus interesses. Na realidade, algo que os criacionistas já sabem há muito tempo!
A questão é: Se nos estudos sobre o aquecimento global ocorrem estes problemas, o que garante que o mesmo não ocorra em outras áreas? No evolucionismo, por exemplo? Não poderíamos questionar que não existe espaço para opiniões discordantes da teoria da evolução? Será que todos os dados aos quais os cientistas têm acesso são trazidos ao público? Será que a interpretação destes dados se dá em uma luz imparcial e não-pragmática, estereotipada, do surgimento da vida? Ressalte-se que, além dos dados que apóiam posições contrárias, dos dados que apóiem o paradigma atual, existe um terceiro tipo de dados que é o dos que permitem dupla ou múltiplas interpretações. Estes dados estão sendo analisados sob todos os aspectos possíveis? Estão sendo trazidos ao grande público, custe o que custar? De acordo como entrevistado existe uma máfia em prol de certo viés no aquecimento global. Será que não existem outras máfias de cientistas, ligadas a outras áreas? Para mim, a resposta é muito clara.
Notem que o entrevistado defende que a oposição ao paradigma atual não seja apenas tolerada, mas também incentivada, como forma de desenvolver a ciência! Imagine você o financiamento (conforme sugestão de Lomborg) a pesquisas que busquem alternativas à evolução, em favor do design inteligente, por exemplo... Ceteris paribus, é praticamente impossível conjecturar isto.
O que acontece com as inúmeras evidências das mais diversas áreas da ciência, bem como os artigos científicos, que enfraquecem a teoria da evolução? Por que surgem cada vez mais evidências de um dilúvio cataclísmico de grandes proporções, e as informações não têm grande veiculação? Por que as várias falhas vexativas de interpretação dos diversos "elos perdidos" não foram apresentadas com o mesmo alarde que os artigos que as expuseram, ateriormente, como descobertas?
O questionamento não é a base da ciência? Mais uma vez, pergunto: por quê?
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