Reportagem: BBC Brasil
Execução de iraniana foi assistida por ex-amante e família da vítima
Segundo relatos, iraniana passou seus últimos momentos chorando
A iraniana Shahla Jahed, enforcada nesta quarta-feira sob acusação de homicídio em Teerã, foi executada na presença de seu ex-amante e da família da vítima – que era a esposa oficial dele.
Jahed foi acusada de matar a facadas, em 2002, Laleh Saharkhizan, mulher de Naser Mohammadkhani, seu ex-amante e estrela do futebol que alcançou fama nos anos 80 e 90.
A condenação de Jahed foi baseada em uma suposta confissão, que ela depois disse ser falsa durante um julgamento público.
Segundo relato obtido pelo jornal britânico The Times, Jahed passou seus últimos momentos chorando, com a corda amarrada em seu pescoço, enquanto Mohammadkhani, o ex-amante, observava em silêncio.
De acordo com o Times, o filho do atleta foi quem empurrou a cadeira onde Jahed estava sentada, levando a cabo a execução. Já segundo a imprensa iraniana, esse papel coube ao irmão de Saharkhizan.
Segundo a Anistia Internacional, que fez campanha contra a pena de morte de Jahed, a lei iraniana permite que, em caso de assassinato, a família da vítima participe da execução do condenado pelo crime. A família também pode perdoar o condenado e aceitar uma compensação.
A Anistia Internacional disse à BBC Brasil acreditar que Jahed foi torturada e forçada a confessar o assassinato.
Últimos momentos
O advogado de Jahed, Abdolsamad Khorramshahi, descreveu ao Times os últimos momentos de sua cliente.
“Ela só chorava. Não dizia nada. Pedi-lhe que falasse algo, mas ela só chorava”, declarou.
“Até o último momento, a família da vítima não deu consentimento (para cancelar a execução). Todos na sala lhes pediram que a perdoassem, mas infelizmente eles não aceitaram." O perdão dos parentes da vítima seria o suficiente para evitar o enforcamento.
"Naser Mohammadkhani também estava lá e não disse nada”, agregou o advogado.
Esposa temporária
Em seu julgamento, Jahed foi retratada como uma fã obcecada de Mohammadkhani.
O caso trouxe à tona a vida dupla do esportista, que tinha Jahed como “esposa temporária” enquanto mantinha casamento e filhos com a vítima, Saharkhizan.
Autorizado pela lei iraniana, um casamento temporário pode durar de alguns dias a alguns anos, desde que o marido arque com as despesas da mulher. A união pode, em seguida, ser anulada ou renovada.
Críticos do regime qualificam o casamento temporário como uma forma de “prostituição legalizada”.
O caso de Jahed repercutiu internacionalmente em meio a críticas ao Irã pela possível condenação à morte de Sakineh Ashtiani, também condenada por assassinato e que, segundo grupos de direitos humanos, também foi forçada a confessar. [Ênfases acrescentadas]
Nota: Sem o intuito de desmerecer a religião islâmica que, em na sua essência, possui muitos dos valores do cristianismo, podemos ver os trágicos resultados da transgressão da Lei de Deus (pecado) na história desta mulher iraniana. O sétimo mandamento ordena: "não adulterarás" (Ex 20:14; Dt 5:18). A fantasia do adultério sem comprometimento é uma ilusão. Diz o sábio Salomão: "Pode alguém tomar fogo eu seu peito sem que sua roupa se queime?" (Pv 6:27). Assim como é impossível para alguém segurar um feixe de lenha em chamas e não se queimar, é impossível ter uma relação proibida por Deus e não sofrer as consequências desta transgressão. Certamente este jogador de futebol, no momento do seu delito, não imaginaria que sua esposa seria assassinada e, vários anos depois de sua "aventura", sua amante seria enforcada pelo seu próprio filho (ou seu cunhado). Como disse o evangelista da TV Novo Tempo no Mega Jovem de Florianópolis, em novembro, "o pecado sempre fará você se comprometer mais do que deseja e ficar mais tempo envolvido com ele do que você gostaria".
De igual forma, a família da vítima não pôde praticar o perdão. A vida da amante poderia ter sido salva com um simples "eu perdoo". Apesar dos apelos de todos na sala, aquela família amargurada pela dor não sentiu ser seu dever impedir que as consequências do mal se alastrassem. É muito fácil para nós, sentados em frente ao computador, no conforto do nosso lar, dizermos que a família deveria perdoar a sentenciada. Mas e se fosse nossa mãe, irmã ou filha que tivesse sido assassinada por sua concorrente amorosa ilegítima, teríamos esse princípio tão claro em nossa mente? A resposta é óbvia. O perdão não é natural do homem, ele é um dom de Cristo. Sem o Espírito Santo comunicando essa faculdade sobre-humana, é impossível ao homem perdoar.
A lei iraniana permite ao homem (e só a ele) ter um "cônjuge temporário". O resultado desta "legalização" de uma transgressão moral foi morte (duas), dor, sofrimento, vingança, culpa e desilusão. Esta poderia ser uma advertência para nosso país que está em vias de aprovar leis que enfraquecerão mais ainda os já sacudidos laços familiares e matrimoniais. Para quem acha que o Estado não deve interferir nos assuntos morais (na realidade, proteger instituições mais antigas e maiores do que o Estado), seria interessante refletir um pouco mais com estes exemplos trazidos de além-mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário